quarta-feira

A Alta de Lisboa recapitulada

Fotografia da Alta de Lisboa encontrada no
Viver bem na Alta de Lisboa

Eu escrevi esta entrada na segunda-feira, mas ao reabri-la para actualizá-la, apaguei-a. Este programa não é do mais amigável e agora com a minha nova versão do mozilla, em vez de melhorar, piorou.

Recapitulando: no Domingo li no Público uma notícia relativamente à Alta de Lisboa, segundo a qual os níveis de criminalidade são preocupantes. Estilo Farowest..

Eu conheci este projecto através da blogosfera [vivendo no estrangeiro este tornou-se um dos meus meios para me manter em contacto com o espírito do país]. Achei o conceito interessantíssimo e de vez em quando espreitava os vários blogues de futuros e actuais habitantes desta urbanização modelo. Gostava da alegria e do optimismo das pessoas ao encontrar um lugar onde acreditavam teriam qualidade de vida. Para mim a atitude significava que os portugueses estão mesmo a ultrapassar a fase em que só importa ter casa, umas paredes com um tecto a finalizar e se for preciso é um mausuléu desconfortável. Não critico, pois sinto que é o resultado de pobreza. Para estas pessoas a casa mais que um local para viver é um símbolo e nunca tendo experimentado conforto caseiro, também não sentem falta. Adicionalmente existe uma cultura de urbanização que espero ansiosamente que se acabe, mas que só acaba se as pessoas começarem a ter outras exigências.

Bem, este último parágrafo não existia na 1a versão, mas começa-se e já não se segue o mesmo trilho.

Outro aspecto foi a minha atracção pelo projecto de realojamento de pessoas que viviam em casas ilegais e/ou degradadas lado a lado com o pessoal que tem dinheiro para as comprar. Perspectivava para mim um passo na reintegração e no convívio entre pessoas que se estranham. O que é mau para uma cidade que se deveria querer solidária. Eu, que sou de meio pequeno, assusta-me o que me contam de Lisboa, a de hoje e a de antes, a que foi ignorada e produziu a situação que se vive hoje em Lisboa e, neste caso, na Alta. Pergunto-me da competência com que foi feito o realojamento. Os critérios da selecção. Parece-me óbvio que deveriam ter o cuidado de diluir as ovelhas negras entre as brancas [nenhuma conotação epidérmica, mas somente de atitudes sociais]. Já ouvi contar de realojamentos sociais e o descuido completo que existe, juntando a ovelha com o lobo. É quase ingenuidade irresponsável. Entristece-me que este projecto seja um fracasso por desleixo ou ignorância ou...

O que me surpreende é o silêncio na blogosfera. Pensava que a maior parte dos blogueiros são de Lisboa, mas ninguém pareceu prestar atenção à notícia. Perto das autárquicas e não se discute as propostas dos candidatos. Além disso, mesmo quando se fala do que se quer para Lisboa as iniciativas ao nível social raramente surgem. É o trânsito, os parques de estacionamento, as obras no Marquês... É como se os lisboetas fossem autopessoas. O carro é a extensão que lhes importa. Não é que não seja importante, mas não será pouco? Um artigo que me deixou inquieta a mim, que nem sou de Lisboa, e pareceu só incomodar quem vive na Alta. Parece-me tão louco.

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