terça-feira

Desperança

Escrevi a entrada "Israel & Palestina" ontem, mas já hoje parece-me ingénua e absurda.

Ontem, noite de cinema em casa de amigo, trouxe à baila a retirada dos colunatos.

A - Uma mulher com um bebé, expunha-o e pedi-a que parassem a expulsão.
B - São pessoas que perdem tudo.
A - Eu compreendo que perdem muito, mas eu não aceito chantagem emocional. Eu não posso simpatizar com o uso de crianças para resolver este tipo de situações.
C - Eles deveriam ter compreendido que estão no sítio errado. Que a sua presença naqueles territórios exacerbou ódios e intolerâncias. É culpa deles.
B - Esta é a solução: construir um muro e separar os israelitas dos palestinianos.
A - Construir o muro!? Construíram um muro a separar as duas alemanhas! Achas que foi bem?
B - Resultou, não?
C - Isso não é a solução. Tem que se melhorar as condições de vida dos palestinianos! Só assim deixarão de ter tantos extremistas entre a população!
B - A Faixa de Gaza é um deserto. Não é possível albergar o milhão de refugiados palestinianos de forma a que tenham uma vida decente. Não é possível. Os países árabes não ajudam, pelo contrário, é-lhes vantajoso manter as pessoas sem futuro. A solução é um muro alto e enorme.
C - De um lado uns que têm o poder militar, as costas quentes para fazerem o que querem; do outro uns estúpidos coitados ensanduíchados entre o ódio dos outros e cegos pelo seu próprio ódio e desespero.
B - A solução é a separação física dos dois.

Este é o plano, este é o futuro. Ariel Sharon, a raposa, prepara o terreno para separar definitivamente eles deles. Não querendo um estado binacional, não podendo ter tudo, quer pelo menos definir bem o que pode assegurar agora, usando o "facts on the ground" para acabar de traçar o seu muro vantajosamente. Só ontem me dei conta disto.

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