Comento a última entrada do "A mão invísivel" sobre a questão: O Islão É Integrável no Ocidente?.
Se no geral eu ia acenando apoiante da sua percepção, em detalhes penso que mistura alhos com bogalhos. O islamismo é uma minoria que não tem comparação com as mulheres, os negros ou os homossexuais. A discussão relativamente a estes grupos é não o de lhes dar direitos maiores, mas os mesmos direitos.
Os homossexuais terem o direito de fazerem um casamento civil tal como os heterossexuais, situação que não restringe os direitos ou o bem estar dos outros. A adopção é um caso especial, pois interfere com a vida de outro ser humano. A discussão é acesa no que concerne o melhor interesse da criança. Ouvi a opinião de um par de técnicas envolvidas em processos de adopção que me explicaram que uma criança a ser adoptada tem geralmente uma bagagem de situações a resolver no seu intímo e não só. Receia-se que a adopção por homossexuais possa constituir um fardo a mais. O busílis não está só em se uma criança precisa da figura materna e paterna para um desenvolvimento equilibrado como pessoa, mas também o peso sobre essa família invulgar de uma sociedade extremamente preconceituosa.
As mulheres precisam de apoio para que possam conjugar o seu papel de mãe e de trabalhadoras competitivas. A pena de nada se fazer a este nível está à vista na baixa de natalidade. Também não concordo com quotas.
Quanto aos negros a situação refere-se a inverter situações de racismo e preconceito que não lhes permitiu/permite criar o seu espaço de sucesso na sociedade. A criação de quotas não será a resposta em Portugal, mas a situação em Portugal ou na Europa nunca foi comparável à dos EUA, onde a segregação racial antes dos anos 60 era gravíssima, mantendo na prática os negros sob escravidão nos estados sulistas e em bolsas de desprezo no Norte. Num cenário destes a utilização de métodos de beneficiação de uma raça que vem de tão baixo na escala social poderá ser a única forma mais rápida de instalar a justiça. Mesmo assim levou 40 anos.
As mulheres e os homossexuais têm como grupo a mesma cultura, o mesmo percurso, o mesmo zelo religioso da maioria que os oprime. Os negros também são na maioria como o resto da população, com a excepção da cor da pele e um percurso histórico diferente. Todos eles só não têm as mesmas oportunidades.
A questão do islamismo é outra. Têm uma cultura e religião diferentes e pedem um espaço muito próprio para praticarem um estilo de vida diferente. Mas em situações de moderação e respeito será o seu estilo de vida incapaz de conviver com o nosso estilo de vida? Não será injusto amassar toda a comunidade islâmica no pacote cinza do fundamentalismo?
Obviamente o Ocidente deverá traçar limites. Até a tolerância tem limites e parece-me que ainda existe um um discurso de tolerância levado a tal extremo que tolera o ignóbil. Acabar com o discurso de esquerda de aceitar tudo como cultura (cortar o clítoris a meninas não é cultura, ó idiotas intelectualóides! Eu não acredito na liberdade de discursar o ódio e incitar à violência e à morte).
Pergunta se o islamismo é integrável no Ocidente. O islamismo moderado é. Vivo em Hamburgo e vejo islâmicos todos os dias e não sinto qualquer tipo de ameaça. Quando vejo as mulheres de lenço não me incomodo, se bem que ainda me questiono quando vejo as crianças de lenço ou uma vez vi uma senhora de burqa e quase me espetei de bicicleta contra uma árvore. Contei este episódio a amigos e eles observaram-me de forma estranha. Dei-me conta que me achavam intolerante. Explicaram-me que usar burqas e lenços é a cultura deles. Eu retorqui que se as mulheres o fazem por querer, eu não tenho nada contra, mas esta certeza tem de ser assegurada. Eu quero que se uma delas não quiser usar lenço que tenha a liberdade para o fazer. Eu acredito que na generalidade assim seja. Eu vejo grupos de raparigas, umas com e outras sem lenço. Há uns dias vi uma mulher deslumbrante na rua. Usava lenço e um manto-vestido que esvoaçava à volta do corpo elegante. Os sapatos eram de salto alto e acentuavam o porte orgulhoso e seguro. A sua beleza natural parecia acentuada por toda uma aura de exotismo e afirmação silenciosa. Talvez eu me engane, mas no seu rasto não havia subjugação, mas somente uma escolha.
Hoje a grande questão do islamismo na Europa é a sua colagem a uma entidade transnacional de morte. Esta organização, como se concluiu nos últimos ataques a Londres, atrai com sucesso jovens de segunda geração, aparentemente bem integrados, bem educados e de classe média. Que laços de lealdade os levaram àquela acção? Eu não descarto problemas de desajustamento que jovens de outras origens étnicas resolvem geralmente em estróinices.
Concordo que o Ocidente deve EXIGIR a secularização do Islamismo no seu seio (fora também seria desejável, mas aí são outros quinhentos). Caso isto não se verifique então... Então também concordo que o futuro será um incógnita triste.
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