O meu livro de cabeceira é "The elephant vanishes" de Haruki Murakami. É um livro de contos que me foi aconselhado por um amigo relativista. Este meu amigo é matemático. É completamente incapaz de entender o mundo real a três dimensões. Ele perder-se-ia numa área citadina de 20 m2. Irremediavelmente. Acha muito complicado entender a realidade. Não consegue digerir a noção que há mais mundo para além do que ele vê. Ele sabe pelos jornais e a televisão e..., que existe mais mundo, mas parece-lhe tudo muito estranho. Sobre a vida a sua atitude é de que nunca nos devemos ralar. A vida deve ser tomada como vem... Para finalizar: é um aficcionado de Harry Potter (tirou dia livre quando recebeu o último livro pela Amazon). Uma figura. No trabalho é brilhante. Fica-se um pouco perplexo que fórmulas, métodos matemáticos, técnicas de programação que nos deixam completamente perdidos ele compreende instantaneamente, mas precisa de um de nós normalecos para não se perder na estação de comboios.
Agora pensem que tipo de livro (na categoria: para adultos e com um nível literário acima do medíocre) uma pessoa destas iria gostar. Pois: "The elephant vanishes" de Haruki Murakami. Tudo ele.
Situações estranhas no quotidiano rotineiro, pardacento, confortável. Mas a estranheza não vem do próprio mundo, mas das personagens. Como o meu amigo matemático, o mundo não lhes parece real.
Agora só pra ser marota esta citação do livro: "A long, flimsy tin sign arching its sickly spine like an anal-sex enthusiast". [minha tradução: um sinal de latão longo e flexível arqueia a espinha doentia como um entusiasta de sexo anal.].
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