segunda-feira

Eu adoro Huckabees

O detective mostra o mundo a um cliente problemático
Há umas semanas vi um filme chamado "I [desenho de um coração] Huckabees" (estilo I love New York, em que o love é expresso pelo desenho de um coração). O filme é um absurdo delicioso em que pessoas com questões existenciais procuram uns detectives para a resolução de problemas existenciais (um deles é protagonizado pelo Dustin Hoffman e outro pela Isabelle Hupert). O filme é um caos de situações, em que as personagens se entrelaçam e desenlaçam, ao belo estilo de que algo que tu faças por mais insignificante que seja terá efeitos nos outros, similar ao caso da borboleta no Brasil a provocar um ciclone no EUA, ou algo assim parecido. No fim (pessoal que quer ver o filme, desligue que eu vou desvendar a moral da história) ficamos a saber que o que os detectives pretendem é ensinar aos seus clientes que a vida é uma tragédia e sofrimento, mas que vale a pena. Lembrei-me do filme ao ler a Pública deste passado fim-de-semana. Está pejado de tragédias humanas. Algumas que arrepiam, outras que compreendemos trágicas para a pessoa, mas que levantam sorrisos de gozo a quem a tragédia não bateu à porta, outras absurdamente existenciais. É o sobrevivente desfigurado de Hiroshima, o Sr. Alves que tinha o sonho de um pénis maior e acabou com um pénis morto, Polanski e a perda em 1969 da sua mulher grávida assassinada por um grupo satânico, os hikikomori no Japão, pessoas que não conseguem sair dos seus quartos anos a fio, claúsura voluntária, eremitas sociofóbos. Sofrimentos e tragédias pessoais, que chegaram ao conhecimento público. Mas todos sofremos alguma dor interior. Muitas das vezes tão estupidamente não importante, que dói ainda mais. A existência é absurda, dói e vale a pena. Cheguei a esta moral... Parabéns pra mim :-|

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