quarta-feira

Bate bate levemente

Cantava o António Variações:
Estou bem aonde eu nao estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu nao vou


Diz o Puto Paradoxo:
Ah!, Outubro!
As primeiras chuvas, os dias cinzentos, o tom melancólico...


Eu começo a pensar em coisas realmente feias. Os fumos de destempero esguicham-me das orelhas e tenham pena do desgraçado que tenha a má sorte de me bater à porta.

Outubro é o que vejo pela minha janela! Outubro, qual Outubro! Novembro, Dezembro (português, note-se), sem aquele cheirinho de sol, aquela promessa de aberta... Ah, o Verão em Portugal, o Outono... Concedo que Hamburgo ainda me fascina no seu verde constante, mas digamos que a chuva de tolos que mantém este verde está a começar a soar a tortura japonesa.

Quando há sol em Hamburgo parecemos todos uns sedentos esfaimados a sair do deserto. Os jardins enchem-se de corpos agradecidos, espargem-se na luz e mesmo que tenhas problemas que na noite anterior te deixaram a pregar insónia, estás-te nas tintas, há sol, o que poderá correr mal?

E o resto? Há meses que não cheiro maresia! Metade da poesia do mar desvanece sem o cheiro forte que nos desentope a alma! Aqui o mar cheira a vento frio e a molhado. Assim, frase bacoca e sem interesse. E as cores!? Onde está o azul profundo? O azul em que apetece mergulhar? Aqui o azul parece que entrou de luto.

E isto porquê? Porque aqui a idiota decidiu que não estava bem. Que devia ir ver outras coisas! Toma! Feliz? Agora ouve fado e chucha no dedo! Daqui a pouco choro...

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