domingo
Entao um bom 2007 pró pessoal
honey, moby {not the whale}
p.s.: agora pergunta um: o que é que este vídeo tem a ver com passagens de ano? Este vídeo é o meu 2006 e boom! venha o novo. Eu hoje tou tao fixe que explico estas coisas.
sexta-feira
O direito de, em Portugal, só ter de saber portugues
quinta-feira
Informaçao?
Fazer é comprar
P.S.: dos que leem no wc pareceu-me coerente que lessem o expresso. Contudo, a minha amostra nao é de forma alguma exaustiva e inclui-me, o que limita enormemente conclusoes definitivas.
domingo
sábado
Sim, eu sou o homem dum só poema
dum só amor
duma só vida.
E no entanto cada dia de poesia
cada noite de amor
cada ano de vida
conduzem o homem fiel
a um homem novo.
Os degraus se assemelham
mas a cada um deles
eu estou um pouco mais alto.
Subo sem parar
no coração duma torre
subo para o fogo
para a idade do sol.
À hora do cimo
eu mereço o mar
e o céu num grito
me veste de luz.
Poeta: Pierre Boujut (1913-1992) -> X
Dedicado ao bloguista das quatro personalidades, que me vai ouvindo as fragilidades do ser.
sexta-feira
E como um blogue é para desabafar:
Pessoas de consciência
(...)
Mas será o referendo sobre os direitos das Pessoas, neste caso especificamente das mulheres? Em rigor, não. O referendo é sobre a despenalização, o que não invalida a punição do aborto depois das 10 semanas (tem que haver sempre uma fronteira, por arbitrária que possa parecer nos casos limite -10 semanas e 1 dia -, exactamente como na idade do consentimento, por exemplo - x anos e um dia). Não invalida tão-pouco que continue a existir o problema moral e ético referido acima. Problema ético e moral que deve ser resolvido pela consciência de cada uma das Pessoas autónomas que se vejam confrontadas com o problema. Incluindo as mulheres que, ganhando o sim, nunca serão obrigadas a interromper a gravidez (mas é mesmo preciso explicar isto?) se forem radicalmente contra o aborto. (...)
Miguel Vale de Almeida n'Os Tempos Que Correm
quinta-feira
Serviço Público
Exemplo:
Portuguese was the first language that use the "u" vocal. Thanks to this, several vocabulary innovations were possible. Here are some examples:
- Cows could say mooo for the first time;
- Mad cows could say wohooo for the very first time;
- Foo Fighters could have their name;
- Powder exploded for the first actually sounding like boom;
- You would never exist.
Islam (pronounced "I slam," as in "I slam planes into buildings") is a fellowship of Islamism. The term Islam is derived from the ancient Urdu word "Ishamada" which means "nitroglycerin."
Ainda outro exemplo:
O brasao da Roménia.
quarta-feira
A piada batida
P.S.: agora que fui tratar de fazer ligaçoes dei-me conta que sao só dois. Nota mental: nao escrever postes quando estou entediadíssima. Fico rabugenta.
terça-feira
Lei para enfeitar
A incoerencia, como sabemos, é ainda pior: num certo desrespeito pelo que é a justiça e para que servem os juízes, os defensores do nao pretendem que os juízes esqueçam a lei e sejam uma espécie de agentes sermoneantes 'as prevaricadoras, que, segundo eles, mataram pessoas, mas taditas. Li, de um senhor que defende o nao, que a lei é reflexo de quem somos como uma sociedade. Concordo: uma sociedade que quer as leis só pra enfeitar, é mesmo nós. Porque, e esta já ouço há muito, Portugal tem da melhor legislaçao no mundo!... Para por na árvore de Natal.
desilusao
e a tristeza foi-me cobrindo como noite
ao adormecer estava fria
ao acordar estava morta
segunda-feira
domingo
sem piadinha nenhuma, 1, 2 e 3
sem opçoes 2
mas há sempre uma luz no fundo do túnel
Traduçoes:
haie = tubarao
tiger = tigre
--------------------------
já tou morto por dentro {os lemingues sao aqueles bichos com a mania do suicidio em grupo}
----------------------------
uma lampada e um rolo de papel higiénico vazio?
um kit "luz no fundo do tunel". feliz natal.
obrigado?
---------------------------
Nicht Lustig {o nome dos livros} = Sem piada
sábado
sexta-feira
There’s a beauty here I cannot deny
Orpheus de David Sylvian
Standing firm on this stoney ground
The wind blows hard
Pulls these clothes around
I harbour all the same worries as most
The temptations to leave or to give up the ghost
I wrestle with an outlook on life
That shifts between darkness and shadowy light
I struggle with words for fear that they’ll hear
But Orpheus sleeps on his back still dead to the world
Sunlight falls, my wings open wide
There’s a beauty here I cannot deny
And bottles that tumble and crash on the stairs
Are just so many people I knew never cared
Down below on the wreck on the ship
Are a stronghold of pleasures I couldn’t regret
But the baggage is swallowed up by the tide
As Orpheus keeps to his promise and stays by my side
Tell me, I’ve still a lot to learn
Understand, these fires never stop
Believe me, when this joke is tired of laughing
I will hear the promise of my Orpheus sing
Sleepers sleep as we row the boat
Just you the weather and I gave up hope
But all of the hurdles that fell in our laps
Were fuel for the fire and straw for our backs
Still the voices have stories to tell
Of the power struggles in heaven and hell
But we feel secure against such mighty dreams
As Orpheus sings of the promise tomorrow may bring
Tell me, I’ve still a lot to learn
Understand, these fires never stop
Please believe me, when this joke is tired of laughing
I will hear the promise of my Orpheus sing
quinta-feira
ele estava sentado num terraço noruegues
o fiorde a espraiar-se
tinha na mao um charuto
e conversava com anjos
eu estava de fora da cerca
tentei chamar-lhe a atençao
eu esbracejei
gritei baixinho
a medo
eu saltei
fiz caretas
cantarolei
os anjos olhavam-me pelo canto do olho
aborrecidos
esperando que eu desistisse
deus foi muito melhor a ignorar-me
quarta-feira
terça-feira
sábado
O Curdistao iraquiano em fotos movimento
P.S.: também adorei o de Cuba.
P.S.2: quase chorei no "Friends for Life".
Desaire
ia bebado, vomitou na sacristia e foi expulso em eternidade
agora, diz ele pesaroso, vou ter que continuar ateu
sexta-feira
naufragou
e aportou na areia
ignoram-lhe os mastros
quebrados, rasgados
a dor que se cheira
a léguas
de vez em quando um suspiro
uma angústia estrebucha
debaixo das vagas mágoas
o choro sangra devagar
ignoram-lhe o desespero
o mar adoça o amargar
ignoram
quinta-feira
quarta-feira
Brüno
Os conselhos sao:
1. Mantenha uma fotografia do Brüno sempre consigo.
2. Se alguém lhe pedir para assinar uma declaraçao dando permissao para entrar num filme, pense.
3. Por exemplo, pense em dizer nao.
4. Nao se embebede com estranhos.
5. Se for racista, homofóbico ou sexista tente mante-lo só pra si.
Ha ha ha ha ha...
Ide ver
terça-feira
Esta cena do aborto
Bem, continuando, eu digo-lhes que ser pelo aborto nao é necessariamente ser avançado. Que há motivos contrários completa e totalmente respeitáveis de humanismo. Nisto eu acredito, mas minto quando faço entender que é este o motivo principal em Portugal. Os portugueses sao maioritariamente contra o aborto por hipocrisia. Fina, doente, repelente. O que mais chateia um portugues é que alguem possa ser feliz sem castigo. O que mais chateia um portugues é nao poder moralizar, nem que seja indirectamente. O que mais chateia um portugues é nao poder por o indicador no ar e dizer "estava mesmo a pedi-las."
segunda-feira
domingo
Extrapolar
Nas histórias que contares.
Ou logo os burros depois
Se queixam de os retratares:
“Mas são as minhas orelhas!
Este azurrar é o meu!
Se estas são minhas guedelhas!
Ai este burro sou eu!
Não me nomeie ele embora,
Toda a Pátria vai agora
Saber-me por burro, hin-hã!
Ai que eu, hin-hã, hin-hã!”
- Quiseste a um burro poupar…
Logo doze hão-de zurrar.
Heine Heine (1797-1856) -> X
sábado
Violencia Doméstica - nao há que preocupar que estamos na frente da Palestina
The chief of police told Human Rights Watch that “a woman in Hebron could get her eye gouged out but be too afraid of society to report the abuse.”
(...) discriminatory legislation in force in the West Bank and Gaza, described in the subsections below, does not act as a deterrent to violence, nor does it provide victims with adequate redress for the abuse they have suffered. In fact, the penal laws in particular and the way in which they have been interpreted and applied in practice have led to virtual impunity for perpetrators of violence against Palestinian women and girls.
A falta de provas é a principal justificação para que estes processos não cheguem à fase final de julgamento. E o novo Código Penal ainda vai tornar a prova mais difícil, segundo Dulce Rocha: "Com a redacção actual já é difícil ver o agressor no banco dos réus, mas no futuro será pior. A proposta de alteração refere que os maus tratos têm de ser reiterados e praticados de forma intensa", explica.
Palestinian women in violent or life-threatening marriages have two legal options available to them: pressing charges for spousal abuse or initiating a divorce on the basis of physical harm. Both require evidence of extreme violence and impose a high evidentiary burden on the victim.
Because there is no specific domestic violence legislation in the OPT [Occupied Palestinian Territories], adult victims of violence must rely on general penal provisions on assault when they seek to press charges. These laws provide little remedy to victims unless they have suffered the most extreme forms of injury. Article 33 of the Jordanian penal code (applied in the West Bank) outlines the penalties for violence based on the number of days the victim is hospitalized. As is the situation with all assault cases, if the victim requires less than 10 days of hospitalization, a judge has the authority to dismiss the case at his own discretion as a “minor offense.” In such cases, public prosecutors also try to reconcile the parties rather than pressing charges. The law permits a judge to impose a slightly higher sentence when the victim is hospitalized between 10 and 20 days. According to the law, mandatory prosecution is required only in cases where the victim is hospitalized for more than 20 days. Since victims of domestic violence may go to the hospital several times to treat their injuries with no intention of pressing formal charges, they may have no medical records to support claims of long-term abuse should they later decide to press charges or seek a divorce.
sexta-feira
quarta-feira
I'm Going To Stop Pretending That I Didn't Break Your Heart
EEls, do Album Blinking Lights and Other Revelations
terça-feira
Por razao nenhuma
P.S.: tenho a sensaçao que plagio o título do poste, mas nao sei de onde.
segunda-feira
domingo
sexta-feira
It’s Not Just the War, Stupid
F***s, se nao se pode confiar nos media em quem e' que se pode confiar? <-- isto e' ironia, *st*p*d*.
Consensus: science is friggin' hard
The National Science Foundation's annual symposium concluded Monday, with the 1,500 scientists in attendance reaching the consensus that science is hard.
"For centuries, we have embraced the pursuit of scientific knowledge as one of the noblest and worthiest of human endeavors, one leading to the enrichment of mankind both today and for future generations," said keynote speaker and NSF chairman Louis Farian. "However, a breakthrough discovery is challenging our long-held perceptions about our discipline—the discovery that science is really, really hard."
"My area of expertise is the totally impossible science of particle physics," Farian continued, "but, indeed, this newly discovered 'Law of Difficulty' holds true for all branches of science, from astronomy to molecular biology and everything in between."
The science-is-hard theorem, first posited by a team of MIT professors in 1990, was slow to gain acceptance within the science community. It gathered momentum following the 1997 publication of physicist Stephen Hawking's breakthrough paper, "Lorentz Variation And Gravitation Is Just About The Hardest Friggin' Thing In The Known Universe."
This weekend's conference, featuring symposia on how hard the Earth sciences are, how confusing medical science is, and how ridiculously un-gettable quantum physics is, represented a major step forward for the science-is-hard theorem.
"We now believe that the theorem is 99.999% likely to be true, after applying these incredibly complex statistical techniques that gave me a splitting headache," Farian said. "A theorem is like a theory, but, I don't know, it's different."
Members of the scientific establishment were quick to affirm the NSF discovery.
"To be a scientist, you have to learn all this weird stuff, like how many molecules are in a proton," University of Chicago physicist Dr. Erno Heidegger said. "While it is true that I have become an acclaimed physicist and reaped great rewards from my career, one must not lose sight of the fact that these blessings came only after studying all of this completely impossible, egghead stuff for years."
Dr. Ahmed Zewail, a Caltech chemist whose spectroscopic studies of the transition states of chemical reactions earned him the Nobel Prize in 1999, explained in layman's terms just how hard the discipline of chemistry is, using the periodic table of the elements as a model.
"Take the element of tungsten and work to memorize its place in the periodic table, its atomic symbol, its atomic number and weight, what it looks like, where it's found, and its uses to humanity, if any," Zewail said. "Now, imagine memorizing the other 100-plus elements making up the periodic table. You'd have to be, like, some kind of total brain to do that."
As hard as chemistry and other traditional sciences may be, scientists say such newer disciplines as quantum physics are even more difficult.
"Quantum physics has always been a particularly tough branch of science," UCLA physicist Dr. Hideki Watanabe said. "But in addition to being some of the smartest Einstein-y stuff around, it is undeniably a really stupid, pointless thing to study, something you could never actually use in the real world. This paradoxical dual state may one day lead to a new understanding of physics as a way to confuse and bore people."
"I guess there's cool stuff about science," Watanabe continued, "like space travel and bombs. But that stuff is so hard, it's honestly not even worth the effort."
P.S.: penso que desisti de assassinar este blogue. So' se eu simplesmente deixar de vir ver o que o resto da malta escreve. Uma despedida tao linda... {que vergonha... suspiro}
quarta-feira
Reabertura temporaria...
O facto de em Portugal nao haver a carreira de cientista? O facto do trabalho cientifico em Portugal ser feito todo por bolseiros, sem direito a subsidio de ferias, decimo terceiro, baixa medica, subsidio de desemprego, de maternidade (para simplificar, recebe-se a seco o que se recebe e trabalha-se e mai nada) e ate' ha' poucos anos nem possibilidade de descontar para a seguranca social? Sabe quanto recebe um bolseiro? Sabe o que e' andar assim ate' se desistir de ciencia? Ou acha que oito mil pessoas a trabalhar em ciencia e' um desperdicio? E' o jogo seguinte na blogosfera? Nomear profissoes que porque nao percebemos achamos que nao prestam? E' democratico. Todos podemos entrar na ignorancia e jogar.
quinta-feira
I've seen what I was - I know what I'll be
"I've Seen It All", Bjork e Thom Yorke
I've seen it all, I have seen the trees,
I've seen the willow leaves dancing in the breeze
I've seen a man killed by his best friend,
And lives that were over before they were spent.
I've seen what I was - I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!
You haven't seen elephants, kings or Peru!
I'm happy to say I had better to do
What about China? Have you seen the Great Wall?
All walls are great, if the roof doesn't fall!
And the man you will marry?
The home you will share?
To be honest, I really don't care...
You've never been to Niagara Falls?
I have seen water, its water, that's all...
The Eiffel Tower, the Empire State?
My pulse was as high on my very first date!
Your grandson's hand as he plays with your hair?
To be honest, I really don't care...
I've seen it all, I've seen the dark
I've seen the brightness in one little spark.
I've seen what I chose and I've seen what I need,
And that is enough, to want more would be greed.
I've seen what I was and I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!
You've seen it all and all you have seen
You can always review on your own little screen
The light and the dark, the big and the small
Just keep in mind - you need no more at all
You've seen what you were and know what you'll be
You've seen it all - there is no more to see!
Iraque: 655 000
Esta estimativa foi feita com base num inquérito feito por oito médicos iraquianos. Eles visitaram 1849 casas seleccionadas ao acaso, que tinham um agregado familiar de, em média, sete membros. Das 629 mortes reportadas durante o inquérito, 87% aconteceram depois da invasão. 56% das mortes violentas deveram-se a ferimentos provocados por tiros, 14% devido a bombas em carros e outras explosões. Das mortes violentas ocorridas depois da invasão, 31% foram causadas por forças de coalição ou ataques aéreos.
Fonte da informação neste poste: Study Claims Iraq's 'Excess' Death Toll Has Reached 655,000, Washington Post.
terça-feira
Pena de morte em Portugal
Seis anos depois, durante o reinado de D.Maria II, a pena de morte foi abolida para os crimes políticos.
Em 1863 foi apresentada em debate parlamentar uma proposta que defendia a abolição da pena de morte, a extinção do ofício de carrasco, assim como a extinção da verba inscrita no Orçamento de Estado de 49,200 reis para o executor.
Quatro anos depois desta proposta ter sido apresentada, a pena de morte foi abolida para todos os tipos de crimes, com excepção dos militares, mas em 1 911 também estas ficam abrangidos pela abolição.
Contudo, em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, a pena de morte foi readmitida e só voltou a ser abolida definitivamente para todos crimes em 1976, há 30 anos.
Não sabia do último paragrafo. Estou um pouco combalida. Estão a imaginar os carrascos a fazer manifestacoes em 1863? Aniquilacao de toda uma classe profissional! Com tanto material para um filme...
Censura
"The French Cultural Attache read it and he was incredibly complimentary," said Callil, who was born in Australia and moved to London where she founded feminist publisher Virago Press and ran publisher Chatto i Windus.
But Callil said Tuesday's party was canceled after "a series of letters from various Jewish fundamentalists complaining. They take a view that that no one can say anything about Jews that is not 100 percent complimentary." She did not identify the letter writers by name. (...)
“A razão da decisão foi, simplesmente, para não chocar a população do bairro de Whitechapel, a maioria muçulmana”, explicou.(...)
Entre as obras de Bellmer (1902-1975), figuram bonecas de jovens raparigas nuas, em poses degeneradas, em protesto contra os ideais da raça ariana promovidos pelos nazis. (...)
segunda-feira
domingo
Cadernos-estafeta
Cada um a adicionar
pensamentos
sentimentos
imagens
garatujens
depressões
ilusões
presunções
digitais impressões
esperanças
andanças
olhares ao longe.
A tristeza
sábado
Oh, je sombre
Fleur de Saison de Emilie Simon
Album: Végétal
Dès les premières luers
Je sombre
Il me paraît bien loin l'été
Je ne l'ai pas oublié
Mais j'ai perdu la raison
Et le temps peut bien s'arrêter
Peut bien me confisquer
Toute notion des saisons
Dès les premières lueurs d'octobre
En tout bien tout honneur
Je sombre
Je sens comme un odeur de lys
Mes muscles se raidissent
Et j'attends la floraison
Mais qu'a-t-il pu bien arriver
Entre septembre et mai
j'en ai oublié mon nom
Dès les premières lueurs d'octobre
en tout bien tout honneur
Je sombre
Oh le temps a tourné je compte les pousses
des autres fleurs de saison
Je ne sortirai pas encore de la mousse,
pas plus qu'une autre fleur de saison
Il me paraît bien loin l'été
Mes feuilles desséchées
Ne font plus la connexion
Mais qu'a-t-il pu bien arriver
Entre septembre et mai
Je ne fais plus la distinction
Dès les premières lueurs d'octobre
En tout bien tout honneur
Je sombre
Oh le temps a tourné je compte les pousses
des autres fleurs de saison
Je ne sortirai pas encore de la mousse,
pas plus qu'une autre fleur de saison.
sexta-feira
Continuidade
Não peçam a uma psicóloga que defina sanidade.
Não peçam a um construtor civil que defina verticalidade.
quinta-feira
O ferreiro sabe que sabe que o espeto é pra espetar
Não peçam a uma pintora que defina arte.
Não peçam a um padre que defina santidade.
Não peçam a uma modelo que defina beleza.
Não peçam a um coveiro que defina morte.
Não peçam a um cientista que defina ciência.
quarta-feira
Como se seringa em África
Será que a blogosfera poderá acordar para os Seis de Tripoli? Um apanhado. Na lusosfera: o brazuca Yuri há 53 dias e a Ana Gomes há um ano (de tangente na crítica ao Sócrates e confundindo a nacionalidade do médico, mas a mostrar as cumplicidades escusadas da nossa governância).
terça-feira
aLembra Portugal
A extrema dependencia do carro, uma literal extensao das pessoas, nem que se viva a 10 minutos a pe' do trabalho, numa cidade plana e com um sol radioso la' fora. Um desperdicio.
No supermercado, pela variedade estonteante de artigos e a quantidade absurda de sacos de plastico que nos dao no fim, com o pormenor hilariante da recusa de colocar um sabonete no mesmo saco da manteiga, ou o pao com os pensos higienicos. E' a contaminacao funcional!
O "How're you!" sem significado, atirado em corrida ao qual e' suposto re-atirar "Fine" e vem-me a acotovelar-se 'a presenca da consciencia os inumeros "Tudo bem?" que tive de engolir irritada em Portugal. "Bom dia", digam simplesmente "Bom dia".
Indulgenciar
1. Custa-me a apaixonar e a desapaixonar
2. Custa-me a adormecer e a acordar
3. Geralmente gosto de pessoas
4. Sou temperalmente como a lua
5. Detesto o uso desnecessario de estrangeirismos
6. O meu vicio e' procrastinar
ProntoS.
Custou, mas consegui. Indulgenciei-te, Joao.
Eu nao vou etiquetar ninguem, porque me aborrece que os outros me contem coisas sobre eles. Gosto de ser eu a descobrir.
segunda-feira
Mathematical Surfaces
To most of us, a surface is something we can touch and attribute a shape to--the spherical surface of a ball or the toroidal surface of a doughnut. But there are innumerable surfaces that we cannot touch, or see, or even know of, because they are representations of mathematical functions. Mathematicians have long relied on their own powers of imagination to picture these abstract surfaces. Now, mathematicians such as Richard Palais of the University of California, Irvine, and graphic artists such as Luc Benard are exploiting the magic of computer graphics to recreate these abstract mathematical surfaces in familiar yet intriguing settings.
This illustration presents five well-known mathematical surfaces, rendered as glass objects in a highly realistic "Still Life." To create their chosen surfaces, Benard relied on the computer program 3D-XplorMath, developed by Palais for visualizing many of the most famous mathematical surfaces. He then exported these surfaces into a 3D-rendering program, using it to give the objects a glassy texture and place them on a virtual glass-covered wooden tabletop.
ILLUSTRATION: FIRST PLACE
Still Life: Five Glass Surfaces on a Tabletop
Richard Palais* and Luc Benard
*University of California, Irvine, USA
Muito mais, varios instrumentos e formas de visualizacao que permitem compreender melhor o que se aprendeu: a pintura da Mona Lisa, o uso do Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci para o estudo da anatomia humana, visualizacao das maiores montanhas do mundo no Hawaii, etc. aqui-> 2006 Visualization Challenge Winners
sexta-feira
10-12 anos
Porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show?
Esteve com o Bush (tambem conhecido por Shrub); provocou convulsao quando afirmou que os EUA tinham ameacado o Paquistao, apos o 11 de Setembro: "Ou cooperam na luta contra a Al'Quaeda ou nos bombardeamos o Paquistao de tal maneira que vos recambiamos para a idade da pedra." O tipo responsavel acusado retrucou que o que se disse foi o usual: "Ou estas connosco ou estas contra nos". Quando os jornalistas pediram mais pormenores, Musharaf disse: "Esta' no meu novo livro. Comprem-no."
A ultima e' que Musharaf foi ao Daily Show! Um presidente de nacao foi ao Daily Show! Aqueles pontos de exclamacao nao sao despropositados. Aparecem na cara dos tipos e tipas com aspecto de yuppies e gel ou laca no cabelo que pronunciam palavras associadas a pontos de exclamacao. "A filha do Tom Cruise de certeza usou capachinho!!!!"; "Exclusivo com o homem que se diz pai do ultimo rebento da Nicole Smith!!!!!!"; "Rosie O'Donnell comparou extremistas cristaos a extremistas muculmanos!!!!!"
Os media perguntam-se: porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show? Nota-se a inveja, o veneno, o desprezo, principalmente quando repetem vezes sem conta: "quando o Bush se for embora ele [o Jon Stewart] ja' nao tem piadinhas para fazer o programa." Eu pergunto-me: se eles conseguem escandalos pirotecnicos todos os dias com uma mao cheia de celebridades, porque e' que o Jon Stewart nao ha-de encontrar politicos a cometer gaffes e a serem imbecis num pais deste tamanho? 49 estados?
Agora a resposta 'a pergunta deixou-me confundidinha das ideias. Um tipo respondeu que o Musharaf tinha ido ao Daily Show para promover o livro dele. Vender mais, ganhar dinheiro. Que era muito bom, fantastico que alguem se tornasse um capitalista e nao andassse a oprimir o povo.
Eu nao percebi porque e' que ser capitalista exclui ser-se opressor. Alem disso, o Musharaf nao e' na verdade um opressor? Houve eleicoes livres e eu nao dei conta? Nao percebi...
quinta-feira
Afeganistao: o feminino
'The small advances women have made are now being wiped out', Leonard Doyle, The Independent
Afeganistao: o feminino infantil
A Ghulam Haider, de 11 anos, vai casar com Faiz Mohammed, de 40. Ela queria ser professora, mas quando ficou noiva foi forcada a desistir da escola.
A Majabin Mohammed, de 13 anos, senta-se 'a esquerda do seu marido, Mohammed Fazal, 45, juntamente com a sua primeira mulher e filho. A Majabin foi dada em casamento em pagamento de uma divida de jogo.
As raparigas sao trabalhadoras valiosas numa terra em que a sobrevivencia e' arrepanhada de meio acre de solo [1 acre = 0.4 ha]. Em casa do marido o seu valor e' ainda maior. Podem ter sexo e filhos.
Fotografias e texto obtidas em pop-up no sitio do "The New York Times". Traducao minha.
Nota: ha' umas duas semanas escrevi um texto sobre a minha posicao sobre a poligamia. Este e' um exemplo a corroborar o meu negativismo.
quarta-feira
terça-feira
segunda-feira
O estado da nacao
Exacto. A minha grande pena e' que este pessoal nao emigre. Queixam-se, queixam-se, mas nao emigram. E e' que Espanha e' ja' ali ao lado. E' um pulinho. Com a UE nem e' preciso visto. Se compartilha da opiniao do quarto e me esta' a ler, faca um favor ao resto de nos: de o pulo e seja feliz.
Darfur:
Nisto tudo, os chineses continuam muito pouco budistas. Os outros tambem tem culpas, mas como o mundo humano desumano e' tao generalizado, nao se cometem grandes erros se formos distribuindo as culpas. Provavelmente na ONU os diplomatas oferecem-se maldades: eu lixo agora e depois lixas tu, ok? Cada um com a sua causa desumana.
Eu soube isto no The Independent, que parece ser o unico que ainda vai dando noticias de Darfur. Nao faco ligacoes, porque, sinceramente, nao estou com espirito para nada.
sábado
sexta-feira
Libia: 5 enfermeiras bulgaras e um medico palestiniano em risco de irem desta pra melhor
During the first trial, the Libyan government did ask Luc Montagnier, whose group at the Pasteur Institute in Paris discovered HIV, and Vittorio Colizzi, an AIDS researcher at Rome's Tor Vergata University, to examine the scientific evidence. The researchers carried out a genetic analysis of viruses from the infected children, and concluded that many of them were infected long before the medics set foot in Libya in March 1998. Many of the children were also infected with hepatitis B and C, suggesting that the infections were spread by poor hospital hygiene. The infections were caused by subtypes of A/G HIV-1 — a recombinant strain common in central and west Africa, known to be highly infectious.
But the court threw out the report, arguing that an investigation by Libyan doctors had reached the opposite conclusion.(...)
According to Alexiev [defence lawyer on the case], the decision to throw out the report removed all scientific content from the case, leaving a series of prejudgements, and confessions extracted under torture. "It's scandalous," he says. "This is a complex scientific affair, and it is impossible to judge it without a scientific basis."
Montagnier, whose efforts helped secure a retrial in the first place, says he too is upset by how events in Tripoli are progressing. "It's a rerun of the first trial," he says. "It's embarassing politically for Gaddafi, but there is the pressure of the parents, who absolutely need to find a scapegoat. Of course this can't be the Libyans, so it falls on the medics."(...)
"If international pressure isn't stronger before the appeal, the risk is large that they will be condemned to death," predicts Michel Taube, co-founder of Together Against the Death Penalty, a French non-governmental organization. "To avoid that outcome, diplomacy is not enough. We need international mobilization."
Only a combined pressure from lawyers and scientists as well as politicians will make a difference, agrees Altit [defence lawyer Emmanuel Altit, a member of the Paris bar and a volunteer with Lawyers Without Borders, who has in the past defended inmates at Guantanamo Bay]. If the Supreme Court refuses a scientific assessment, then the international community will be able to ask: "What has it got to hide?" he says. "And if it agrees to a scientific investigation, then we will win."
quinta-feira
Com triste coração cantar alegrememente
e rir ’stando de luto, é coisa bem difícil;
o contrário mostrar de quanto nos aflige
é pior que trair um coração dolente.
Assim o tenho feito; e bem continuamente.
Embora sem o querer, tem-me sido preciso
com triste coração cantar alegremente.
Se no meu coração trago constantemente
o luto que afinal é o que mais me aflige,
pra outros divertir tem-me sido preciso
rir em vez de chorar, e muito amargamente
com triste coração cantar alegremente.
Christine de Pisan (1364-1431) -> Xquarta-feira
Darfur: assim a olho, 50 000 mortos e a contar
[...] We conservatively estimate 19 months of mortality in West Darfur as 49,288 (with a range from 40,850 to 67,598) by summing the means for estimated deaths between the high and low monthly figures in the right side of the figure. When the right tail of this distribution is extended to May 2006, the total number of deaths is 65,296 in West Darfur alone, with a range from 57,506 to 85,346. This estimate covers 31 months of conflict that, as of August 2006, has been under way for 43 months. If the further 12 months of conflict were well estimated, and/or if all or most missing or disappeared persons were presumed dead, the death estimate would be much higher. [...]
Hagan & Palloni, Death in Darfur. Science 313, n.5793, 1578-1579, 15 September 2006.
segunda-feira
O discurso do Papa
O mais interessante do discurso nao tem nada a ver com a citacao do Papa. E', na verdade, completamente acessoria. Uma entrada, que o Papa podia ter dispensado sem beliscar o amago. Ele podia ter citado so' a parte que realmente importava que era "nao agir com a razao e' contrario 'a natureza de Deus", sem salientar dicotomia nas religioes. E' este o ponto de partida para um texto em que ele expoe a sua tentativa de demonstracao de que a religiao Crista tem, desde os seus primordios, um nucleo de razao. Ate' chegar a outros pontos: de que a ciencia como mera busca tecnica e' uma reducao do ser humano e como disciplinas como a teologia, tal como a filosofia, tem um lugar importante nas universidades, para uma melhor exploracao do espectro do conhecimento. Isto muito por alto.
Os muculmanos podem-se chatear, porque nesse excerto acessorio e noutras duas tangentes no texto, os seus seguidores sao sempre os nao razoaveis. Para dar exemplos de irrazoabilidade o Papa nao precisava de ir buscar os muculmanos e para usar o livro que ele anda a ler, ele nao precisava de frisar que o Manuel II achava que o Mohammed so trouxe coisas mas. Meteu-se no fogo para nada, a nao ser que ele ache piada em andar a aquecer os dedos.
Eu gostei do discurso. Principalmente porque andava a tentar perceber o que o Joao Miranda andava a tentar dizer sobre o evolucionismo e foi um eureca. Nao estava era 'a espera que fosse o Papa a iluminar-me.
sábado
Darfur : 30 de SETEMBRO
Excerto (traducao minha):
A 30 de Setembro, a Forca da Uniao Africana, deficiente em homens e fundos, abandonara' Darfur. Estes 7000 soldados sao a unica coisa a moderar a violencia genocidica em Darfur, em que civis sao usualmente mortos, feridos, violados, raptados ou expulsos 'a forca.
Nas passadas duas semanas, o governo sudanes intensificou dramaticamente os ataques aereos e trabalhou no sentido de esvaziar a regiao de testemunhas, incluindo trabalhadores humanitarios e jornalistas estrangeiros. Se a Forca da Uniao Africana partir a 30 de Setembro, como previsto, Darfur sera' uma caixa negra de genocidio.
Tambem faz ligacao a uma gravacao de George Clooney suplicando 'as Nacoes Unidas que algo seja feito.
Excerto (traducao minha): Crescemos a acreditar que as Nacoes Unidas foram criadas para assegurar que o Holocausto nunca poderia acontecer outra vez. Nos acreditamos em vos tao fortemente. Nos precisamos de vos tao drramaticamente. Nos conseguimos tanto. Estamos 'a distancia de um "sim" de acabar com isto. E se nao as Nacoes Unidas, entao quem? E tempo e' fundamental.
We were brought up to believe that the UN was formed to ensure that the Holocaust could never happen again. We believe in you so strongly. We need you so badly. We have come so far. We are one “yes” away from ending this. And if not the U.N., then who? And time is of the essence.
quinta-feira
Quando eu estive em Cuba
Mas as crianças crescem. Os cubanos tornam-se adultos. Aqueles que conseguem fazer negócio com os turistas são relativamente ricos. Tinham enormes televisões e aparelhagens, que os outros só em sonhos. Os adolescentes que podiam esmeravam-se por vestir como os rappers americanos. Tentavam-nos vender café, charutos, cigarros. Era ilegal, sentimo-nos como a comprar droga. Levaram-nos por umas portas reversas, os olhares cruzaram-se, eu pensei que eramos doidas. Eles disseram-nos que não nos preocupassemos. As penas de prisão são muito duras para quem faz mal a turistas. Eles são amáveis, tentam seduzir, dizem-nos que têm muitas namoradas no estrangeiro, que se escrevem. Falavam como se nos mostrassem um trunfo, esta ligação com o exterior. Fidel passava-lhes pelos lábios como um escarro. O que nós eramos, o que nos sentiamos a cada esquina, a nossa essencia era dinheiro. As crianças eram um descanso.
As estradas de Cuba eram pouco movimentadas e os carros detectavam-se à distância da nuvem de poluição que levavam na peugada. Quando nos chegavamos a algum camião fechavamos as janelas senão sufocavamos, até o ultrapassarmos. Nas bermas da estrada regularmente apareciam pessoas a pedir boleia. Discutimos se haviamos de levar alguém. Ao segundo dia tentamos. A partir daí até ao final da viagem fomos como um autocarro. Chegava ao ponto de estarem a sair por uma porta e a entrar pela outra. Conversamos muito, sem os jogos de obter dinheiro, aqui longe de Havana, as pessoas sentiam-se satisfeitas pela banalidade de uma boleia e por uma amigável conversa. Inopinadamente, pensamos que tinhamos a oportunidade única de falar com os cubanos sem se sentirem restritos. Depois de muitas boleias, não ficamos esclarecidas sobre o povo cubano. Nunca consegui perceber quando parava a representação, tanto a dos lamurientos como a dos louvadores. Tivemos as jovens revolucionárias que falavam com devoção do comandante e nos contaram como os americanos raptaram uns valorosos lutadores socialistas, acusaram-nos de espionagem e ainda os tinham presos. Havia cartazes ao pé da estrada a cantar estes valorosos heróis. Estes e Fidel e outos gritos pela revolução. Bastas vezes paramos para tirar fotografias a tiradas surrealistas. Pelo carro passaram muitos passivos que não falavam de política, encolhendo os ombros. Nós é que lhes contavamos o que tinhamos visto, o que tinhamos gostado, onde viviamos, o que faziamos. Passou o senhor que se lamuriava de não poder ir para onde queria, que tudo era controlado, que tudo tinha de ser requerido, que só poderia sair de Cuba se alguém de fora o convidasse e olhava pedinte para nós. Trocamos moradas. Contaram-nos o que se tinha que esperar por um simples tubo de pasta para os dentes, um simples qualquer coisa. Os que deitavam pelos olhos o sonho de serem como nós, terem as máquinas fotográficas que nós tinhamos, poderem viajar a um país distante como nós. Contaram-nos que a saúde e a educação eram completamente de graça. Que o comandante providenciava. Uma estudante de enfermagem gabou que em Cuba todos eram iguais, o branco, o preto, o mulato e mirou-nos talvez na expectativa que nós talvez ficássemos extasiadas e nós trocamos olhares e não soubemos que retrucar. Ensinaram-nos como saber pelas matrículas quem era funcionário graúdo do governo, peixe-miúdo, quem era diplomata, quem era o sortudo que ainda tinha o carro do avô. Eu dizia-lhes que a terra que eles invejavam também tinha os seus podres, que era preciso eles guardarem o bom quando a liberdade chegasse. Senti-me e fui paternalista. Eu queria falar-lhes da Europa, mas eles não se interessaram. Eles já sabiam, ou que Cuba era melhor, ou que lá fora era melhor. Tudo nos passou por aquele pequeno carro feito em autocarro. A minha amiga presenteou t-shirts e mais não sei o quê. Eu, como em tudo na vida, não fui preparada.
Inúmeras vezes nos tentaram enganar, amigáveis falcatrueiros. Inúmeras vezes nos mentiram. A desconfiança tornou-se uma segunda pele, com a excepção dos novos e dos velhos. Numa praia à sombra de hóteis para turistas, naquela altura do ano praticamente vazios, um senhor, que apanhava pedaços de folhas pela praia, olhou para nós admirado quando nadamos no mar, mas como, era Inverno, meninas! Que não, a água era melhor que em Portugal. Ah, sim, Figo. Até em Cuba. Inopinadamente numa cidadezinha pequena uma espécie de cowboy pagou-nos as bebidas e nós ficamos boquiabertas, habituadas que estavamos a pagar as bebidas de todos os impostos mancebos que se sentavam à nossa mesa.
Fora de Havana e Santiago, a maioria dos poucos turistas eram americanos com os seus sotaques detestáveis. Lembro-me de falar com um num bar, todos molhados com os melhores mojitos e cocktails que algumas vez bebi, onde ele cantou Cuba e denegriu os EUA. Dançava rumba divinamente.
Fomos a um museu botânico, eramos só nós e a guia. Obra de um ricaço de origem francesa muito antes da revolução. Passeamos por um jardim amado e selvagem, por entre árvores enormes, belas, exóticas. A guia tinha a macieza da calma. O dinheiro de entrada era baixo, mas ela não quis mais. Cavalgamos por serranias que nos lembraram as novelas brasileiras. O espanhol eram cascatas.
Nas duas grandes cidades a prostituição esgueirava-se. Em Santiago era frontal. Cigarros? Não. Café? Não. Charuto? Não. Chico? Gracias, não cabes na mala. Eles sorriem, encolhem os ombros, afastam-se.
Em Santiago, talvez porque não chega tanto turista, a gula assaltava. Em Santiago, os mulatos são belíssimos, de olhos claros. Em Santiago farta de ser assediada, tento vestir-me como uma cubana, maneio as ancas, digo à minha amiga que se afaste de mim com a sua câmara a tiracolo. Descubro que é escusado. Os piropos são descarregados em catadupa. O machismo é espesso. A invisibilidade é impossível. Por agora eu sentia-me cansada, irritada, queria voltar a casa, caminhar na rua e não ser olhada, não ser falada, não ser ludibriada.
No táxi para o aeroporto, o taxista pergunta-nos se achamos Havana bonita. Cuba bonita? Estava exausta. Respondi com a beleza e o resto. Ele sermoneou-me até ao aeroporto. Não percebo, diz, eu não percebo. Havia desespero e angústia na voz. Ele não regateia. Ele estava zangado. Eu sentia-me demasiadamente europeia. Eu e Cuba despedimo-nos assim, zangadas uma com a outra. Impacientes.
sexta-feira
Outros amores
First of all must go
Your scent upon my pillow
And then i'll say goodbye
To your whispers in my dreams
And then our lips will part
In my mind and in my heart
Cos your kiss
Went deeper than my skin
Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time
First of all must fly
My dreams of you and i
There's no point in holding on to those
And then our ties will break
For your and my own sake
Just remember
This is what you chose
Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time
I'll shed like skin
Our memories of lazy days
And fade away the shadow of your face
Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time
One at a time
Piece by Piece de Katie Melua
quinta-feira
é sério, é prático?
O que é que o mundo ganha com duas pessoas
que vivem num mundo delas próprias?
Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum,
extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas
que era assim que tinha que ser - em prémio de quê?
[ De nada.
A luz desce de qualquer lado.
Porquê nestas duas e não noutras?
Não é isto uma injustiça? É sim.
Não é contra os princípios estabelecidos com diligência,
e derruba a moral do seu cume? Sim, as duas coisas.
Olha para este casal feliz.
Não podiam ao menos tentar esconder-se,
fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com
[ os seus amigos.
Ouçam como riem - é um insulto
a linguagem que usam - ilusoriamente clara.
E aquelas pequenas celebrações, rituais,
as mútuas rotinas elaboradas -
parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.
É difícil prever a que ponto as coisas chegariam,
se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.
O que é que aconteceria à religião e à poesia?
O que é que seria recordado? Ou renunciado?
Quem quereria ficar dentro dos limites?
O verdadeiro amor. É mesmo necessário?
O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele
[ em silêncio,
como sobre um escândalo na alta roda da vida.
Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua
[ ajuda.
Nem um milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.
Ele chega tão raramente.
Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro
[ amor,
continuem a dizer que tal coisa não existe.
Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.
DE Wislawa Szymborska (1923) -> X