domingo

Entao um bom 2007 pró pessoal



honey, moby {not the whale}

p.s.: agora pergunta um: o que é que este vídeo tem a ver com passagens de ano? Este vídeo é o meu 2006 e boom! venha o novo. Eu hoje tou tao fixe que explico estas coisas.

sexta-feira

O direito de, em Portugal, só ter de saber portugues

Se passarem pelo aeroporto de Faro e virem umas máquinas de pagamento do parqueamento vandalizadas fui eu. Nessas máquinas, as instruçoes vinham somente em duas línguas estrangeiras. Eu adicionei o portugues. Isto nao é o único exemplo nos Algarves. Eu considero que, em Portugal, um portugues tem o direito de nao ter de saber mais do que portugues nas lides diárias. Aviso já a Província do Algarve: para a próxima levo um marcador melhor e mais difícil de lavar. E se me lixam muito começo a riscar por cima das instruçoes em ingles.

quinta-feira

Informaçao?

Eu vou lendo sobre a má qualidade dos telejornais, mas ainda assim, pouco habituada a ver televisao, fiquei boquiaberta que as vezes em que calhou ve-los em Portugal nao ter sabido nada de nada sobre tudo. Eu só me apercebi que eram telejornais porque havia alguem a introduzir os segmentos de qualquer coisa indefinida, entre fofoca e apontamento sociológico. Neste momento que estou a tentar lembrar-me de algo desse nada, só me lembro de uma senhora do jet-set (tinha um daqueles nomes de Pipi) a mostrar-nos que tem um Natal como todos os outros, esses outros com nomes totalmente banais e sem ponta de humor.

Fazer é comprar

Discordo. Passei uns breves dias na mae-nave e parece-me que em Portugal fazer é comprar. Ler é simplesmente esquisito. Uma sociopatia manienta. A nao ser que seja algo do Rodrigues dos Santos.

P.S.: dos que leem no wc pareceu-me coerente que lessem o expresso. Contudo, a minha amostra nao é de forma alguma exaustiva e inclui-me, o que limita enormemente conclusoes definitivas.

domingo

sábado

Sim, eu sou o homem dum só poema

dum só amor

duma só vida.


E no entanto cada dia de poesia

cada noite de amor

cada ano de vida

conduzem o homem fiel

a um homem novo.

Os degraus se assemelham

mas a cada um deles

eu estou um pouco mais alto.

Subo sem parar

no coração duma torre

subo para o fogo

para a idade do sol.


À hora do cimo

eu mereço o mar

e o céu num grito

me veste de luz.


Poeta: Pierre Boujut (1913-1992) -> X


Dedicado ao bloguista das quatro personalidades, que me vai ouvindo as fragilidades do ser.

sexta-feira

E como um blogue é para desabafar:

estao a ver os burros com as palas? É a maneira de ser alema, em que só veem prá frente. Porque é verboten, ou nao está escrito nas regras (tremam um pouco quando dizem a palavra regras). E mesmo que se prove 2+ 2=4 que a regra (de joelhos) é uma estupidez, ou que a regra (ai maezinha) nao diz que nao se possa fazer x, eles hao-de lutar pela pureza da regra (tremamos irmaos), ainda que possam dizer entre dentes que concordam connosco, mas a regra (brrrr) é um valor mais alto, que os guiará, nem que seja para serem todos fodidos em fila.

Ainda sobre a IVG

O coraçao do problema, de Fernanda Câncio no DN

Pessoas de consciência

É óbvio que um feto e mesmo um embrião são "vida". É óbvio inclusive que são vida da espécie humana. É por isto ser tão óbvio que tanto os apoiantes do "sim" como os apoiantes do "não" concordam que a decisão quanto a abortar é um problema moral e ético que se coloca a quem tem que decidir. E é por isto ser tão óbvio que há qualquer coisa de ridículo nas discussões sobre o "começo" da vida - feitas por qualquer dos lados da "barricada".

(...)

Mas será o referendo sobre os direitos das Pessoas, neste caso especificamente das mulheres? Em rigor, não. O referendo é sobre a despenalização, o que não invalida a punição do aborto depois das 10 semanas (tem que haver sempre uma fronteira, por arbitrária que possa parecer nos casos limite -10 semanas e 1 dia -, exactamente como na idade do consentimento, por exemplo - x anos e um dia). Não invalida tão-pouco que continue a existir o problema moral e ético referido acima. Problema ético e moral que deve ser resolvido pela consciência de cada uma das Pessoas autónomas que se vejam confrontadas com o problema. Incluindo as mulheres que, ganhando o sim, nunca serão obrigadas a interromper a gravidez (mas é mesmo preciso explicar isto?) se forem radicalmente contra o aborto. (...)


Miguel Vale de Almeida n'Os Tempos Que Correm

quinta-feira

Serviço Público

Pró caso de eu nao ser a última pessoa a saber, fiquem os outros a saber que existe a wikipedia do disparate.

Exemplo:

Portuguese was the first language that use the "u" vocal. Thanks to this, several vocabulary innovations were possible. Here are some examples:
  • Cows could say mooo for the first time;
  • Mad cows could say wohooo for the very first time;
  • Powder exploded for the first actually sounding like boom;
  • You would never exist.
Outro exemplo:

Islam (pronounced "I slam," as in "I slam planes into buildings") is a fellowship of Islamism. The term Islam is derived from the ancient Urdu word "Ishamada" which means "nitroglycerin."

Ainda outro exemplo:

O brasao da Roménia.

quarta-feira

A piada batida

Andei a saltitar de blogue em blogue e pareceu-me que os blogues masculinos que se acusam de ganhar uma posiçao na votaçao do Geraçao Rasca disseram todos a mesma piada: pró ano algo na na secçao feminina, sff. Será que ganhar encarquilha a originalidade? Será que sao todos escritos pelo mesmo transsexual? Aquilo é suposto ser um cumprimento?

P.S.: agora que fui tratar de fazer ligaçoes dei-me conta que sao só dois. Nota mental: nao escrever postes quando estou entediadíssima. Fico rabugenta.

terça-feira

Lei para enfeitar

Os defensores do sim à criminalização da IVG sabem bem que o estatuto de pessoa que dão ao embrião tem um mero valor argumentativo e retórico. Se assim não fosse, e sabendo-se que está em causa uma oportunidade de alteração legislativa, provavelmente não teríamos hoje uma querela entre os que entendem que a IVG deve ser descriminalizada e legalizada, e aqueles que entendem que ela deve ser uma prática condenada criminalmente, para passarmos a ter uma oposição entre os primeiros e aqueles que defendem um agravamento da pena, qualificando a IVG com uma moldura penal de um homicidio. Ora se os defensores do sim à criminalização são defensores de que o embrião é uma pessoa e mesmo assim aceitam que a moldura penal para a IVG seja diferente daquela que resulta da morte de um recém-nascido, também, continuando a achar que é uma pessoa, poderão aceitar que não tem sentido nenhum dizer-se que os oponentes da criminalização IVG entendem que há pessoas de primeira ou de segunda.

A incoerencia, como sabemos, é ainda pior: num certo desrespeito pelo que é a justiça e para que servem os juízes, os defensores do nao pretendem que os juízes esqueçam a lei e sejam uma espécie de agentes sermoneantes 'as prevaricadoras, que, segundo eles, mataram pessoas, mas taditas. Li, de um senhor que defende o nao, que a lei é reflexo de quem somos como uma sociedade. Concordo: uma sociedade que quer as leis só pra enfeitar, é mesmo nós. Porque, e esta já ouço há muito, Portugal tem da melhor legislaçao no mundo!... Para por na árvore de Natal.

desilusao

fiquei à espera do meu amor
e a tristeza foi-me cobrindo como noite
ao adormecer estava fria
ao acordar estava morta

domingo

The road to democracy in the arab world

Ensaio de Uriya Shavit.

Clearly, the United States must adopt a new doctrine, one that attempts to sever the connection in the Arab mind between democracy and the promotion of Western power. First, this doctrine must acknowledge the necessity of maintaining American forces on Iraqi soil, since a hasty withdrawal is liable to tip an already unstable situation toward wide-scale anarchy. Moreover, such a move will certainly be interpreted in the Arab world as proof not only of the West’s weakness, but also of the weakness of liberalism itself. Second, this doctrine should incorporate two new principles into its previously stated commitment to Iraq: One, a reduction in the contingency between potential outcomes of the democratization process in Arab societies and the condition of the American economy; and two, the universality of American standards in the field of human rights. Whereas the first principle will afford the United States more room for political maneuvering-and, in time, rid it of the suspicion prevalent in the Arab world that its true goals are imperialistic-the second principle will lend its foreign policy the credibility it currently lacks and help those Arab liberals who oppose their regime obtain the legitimacy denied to them today. Indeed, one of the main difficulties that today’s Arab freedom fighters face is the suspicion that they are lackeys of the West. So long as America continues to discriminate between liberals, advocates of the pan-Arab idea, and Islamist activists, then democratic leaders like Riyadh Seif in Syria, whose commitment to liberalism has withstood over four years of incarceration, will not gain the support of his own people.

sem piadinha nenhuma, 1, 2 e 3

sem opçoes 1
sem opçoes 2
mas há sempre uma luz no fundo do túnel

Traduçoes:

haie = tubarao
tiger = tigre
--------------------------
já tou morto por dentro {os lemingues sao aqueles bichos com a mania do suicidio em grupo}
----------------------------
uma lampada e um rolo de papel higiénico vazio?
um kit "luz no fundo do tunel". feliz natal.
obrigado?
---------------------------

Nicht Lustig {o nome dos livros} = Sem piada

sexta-feira

There’s a beauty here I cannot deny



Orpheus de David Sylvian

Standing firm on this stoney ground
The wind blows hard
Pulls these clothes around
I harbour all the same worries as most
The temptations to leave or to give up the ghost
I wrestle with an outlook on life
That shifts between darkness and shadowy light
I struggle with words for fear that they’ll hear
But Orpheus sleeps on his back still dead to the world

Sunlight falls, my wings open wide
There’s a beauty here I cannot deny
And bottles that tumble and crash on the stairs
Are just so many people I knew never cared
Down below on the wreck on the ship
Are a stronghold of pleasures I couldn’t regret
But the baggage is swallowed up by the tide
As Orpheus keeps to his promise and stays by my side

Tell me, I’ve still a lot to learn
Understand, these fires never stop
Believe me, when this joke is tired of laughing
I will hear the promise of my Orpheus sing

Sleepers sleep as we row the boat
Just you the weather and I gave up hope
But all of the hurdles that fell in our laps
Were fuel for the fire and straw for our backs
Still the voices have stories to tell
Of the power struggles in heaven and hell
But we feel secure against such mighty dreams
As Orpheus sings of the promise tomorrow may bring

Tell me, I’ve still a lot to learn
Understand, these fires never stop
Please believe me, when this joke is tired of laughing
I will hear the promise of my Orpheus sing

quinta-feira

condiçao: homem

De José Pacheco Pereira:

Votarei sim no referendo sobre o aborto, sem grandes parangonas morais, sem grandes proclamações sociais, sem certezas absolutas sobre nada, nem sobre a moralidade, nem sobre a liberdade do acto de interromper uma gravidez. Respeito os dilemas dos que votam não, respeito os dilemas dos que votam sim, porque em ambos os lados há a consciência de que o que defrontam é um mal social, uma perturbação a evitar, um momento sempre de uma certa crueldade interior, a da vida aliás. Mas como não acredito em grandes proclamações morais, nem pelo sim nem pelo não, voto sim por um conjunto de razões dispersas, sociais, culturais e filosóficas, que admito que se diga serem de mal menor. Será de mal menor, mas quantas vezes muitas coisas que fazemos são de mal menor? Até no Catecismo da Igreja Católica há várias escolhas de mal menor.

E porque, tudo ponderado, as vítimas da situação que hoje existe são as mulheres, sobretudo as mulheres, quase que só as mulheres. Merecem (ou exigem) que os homens que fizeram quase todo o mundo à sua volta, à sua dimensão e ao seu modo, e que entre outras coisas tem esta diferença fundamental que é não engravidarem, lhes dêem uma liberdade que elas sentirão sempre como sendo, no limite, trágica, mas como sendo uma liberdade. No dia do referendo votarei pela segunda vez na vida por género, como homem mais de que como cidadão.

condicao: mulher

A pedido da mulher*, Helena Matos
sonhei com deus
ele estava sentado num terraço noruegues
o fiorde a espraiar-se
tinha na mao um charuto
e conversava com anjos

eu estava de fora da cerca
tentei chamar-lhe a atençao
eu esbracejei
gritei baixinho
a medo
eu saltei
fiz caretas
cantarolei

os anjos olhavam-me pelo canto do olho
aborrecidos
esperando que eu desistisse
deus foi muito melhor a ignorar-me

terça-feira

Já disse?



Hamburgo é giro.



E até é bom retornar...



...do lado de lá.

Todas as imagens de Nils Koppruch e aqui.

sábado

O Curdistao iraquiano em fotos movimento

Belíssimo. A nao perder. Se possível, com as colunas a funcionar.

P.S.: também adorei o de Cuba.

P.S.2: quase chorei no "Friends for Life".

Desaire

um amigo sem dinheiro foi a uma festa católica polaca pela comida gratuita

ia bebado, vomitou na sacristia e foi expulso em eternidade

agora, diz ele pesaroso, vou ter que continuar ateu

sexta-feira

naufragou

perdeu-se no mar alto
e aportou na areia
ignoram-lhe os mastros
quebrados, rasgados
a dor que se cheira
a léguas

de vez em quando um suspiro
uma angústia estrebucha
debaixo das vagas mágoas
o choro sangra devagar
ignoram-lhe o desespero
o mar adoça o amargar

ignoram

quinta-feira

maybe sometime sooner or later

Not ready yet
Eels




there's a world outside
and i know 'cause i've heard talk
in my sweetest dream
i would go out for a walk

but i don't think i'm ready yet
i'm not feeling up to it now
just not that steady yet
and i don't need you telling me how

there's some happiness
and my stone face cracks again
maybe sometime sooner or later

but i don't think i'm ready yet
i'm not feeling up to it now
just not that steady yet
and i don't need you telling me how

so if i leave my room
don't you tell me to lighten up
maybe sometime sooner or later

but i don't think i'm ready yet
i'm not feeling up to it now
just not that steady yet
and i don't need you telling me how

quarta-feira

Brüno

Sacha Baron Cohen é o actor que faz de Borat. Outra das suas personagens é Bruno (ou Brüno), um jornalista de moda austríaco e muito obviamente gay. Parece que o próximo filme é com Brüno e começam a sair pela net conselhos para que ninguém se veja na desfortuna de se encontrar num filme em que se faça papel de asno.

Os conselhos sao:

1. Mantenha uma fotografia do Brüno sempre consigo.
2. Se alguém lhe pedir para assinar uma declaraçao dando permissao para entrar num filme, pense.
3. Por exemplo, pense em dizer nao.
4. Nao se embebede com estranhos.
5. Se for racista, homofóbico ou sexista tente mante-lo só pra si.

Ha ha ha ha ha...

Ide ver



P.S.: uma amiga disse-me que a polícia foi chamada 91 vezes durante a feitura deste filme. Esta dúvida andava a rondar-me.

terça-feira

Esta cena do aborto

Nas estranjas já se viraram para mim com aquele ar compadecido de quem olha para uma refugiada de uma terra controlada pelas batinas negras, cérebros conservadores e viúvas vestidas de negro, felizes pelo falecido ter ido desta pra melhor e já nao lhes espalhar nódoas negras pelo corpo (pensam que eu estou a fazer só jogos de palavras?). Eu eriço-me e minto. Acho que é nestes momentos que eu vejo que gosto de Portugal. Pode ser mau, mas é meu, carago e nao se amerdem a pensar mal, seus estranjeirotes.

Bem, continuando, eu digo-lhes que ser pelo aborto nao é necessariamente ser avançado. Que há motivos contrários completa e totalmente respeitáveis de humanismo. Nisto eu acredito, mas minto quando faço entender que é este o motivo principal em Portugal. Os portugueses sao maioritariamente contra o aborto por hipocrisia. Fina, doente, repelente. O que mais chateia um portugues é que alguem possa ser feliz sem castigo. O que mais chateia um portugues é nao poder moralizar, nem que seja indirectamente. O que mais chateia um portugues é nao poder por o indicador no ar e dizer "estava mesmo a pedi-las."

Isto a falar do Bond

mas eu, por acaso, tenho outra teoria. há pessoas que não sabem amar. nem sabem o que é.

o amor é um pouco como a fé. ou se tem ou não se tem. não o amor e a fé, mas a capacidade ou a possibilidade de lhes aceder, de ser por eles 'transfigurados'.

segunda-feira

Nao me chegavam os vícios que tenho!

Oh, José Bandeira, fe-la bonita! Eu agora é só no seu blogue no Lakmé, no Lakmé.

Dentro do quadrado


Quino

Lakmé na India moderna



Siddharth, an Indian-born engineer, raised and living in the U.S. arrives in Varanasi to work on the Ganga Cleaning Project. Cynical and contemptuous of things Indian and every inch a westerner, he is nevertheless attracted to the mysterious and elusive Bharati.

Orphaned at an early age and raised by the Domraja, king of Varanasi's cremation grounds, Bharati's appeal for Siddharth is instantaneous. He feels her presence everywhere but is unable to get close to her and know her. Domraja, Bharati's foster father, patriarchal and over-protective, also hinders the development of proximity between the two youngsters.

For Siddharth, the process of falling in love with Bharati is one of inner transformation. Through her, he falls in love with India, the traditional and the modern; India where all the centuries seem to coexist together in time, yet one that is constantly changing and evolving; an India enthusiastically embracing the latest the world has to offer, but without losing its cherished ancient values, India where organised disorder seems to be celebrated.

As Bharati introduces him to the wonder of India, Siddharth who had come to cleanse the Ganga of its pollution, ends up discovering himself and the meaning of love.

Bharati awakens in Siddharth a yearning to connect with his own roots. Siddharth's is a powerful story of homecoming and likely to strike an emotional chord across the world, in all cultures.


O José Bandeira tem o original do maravilhoso e trespassado trecho "Dueto das Flores", da ópera Lakmé, a história do amor trágico da filha do Bramane pelo oficial ingles (gostos nao se discutem).

Hoje, numa história de amor, o amor do herói é a redescoberta das origens (a rapariga é para disfarçar), nao há tragédia (umas chatices a resolver pelo melhor) e fazem-se trabalhos de despoluiçao (como ambientalista isto, sem dúvida, comove-me).


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Esta é uma quimera:

domingo

uau! daqui a um século ainda admitem que o sexo nao é só para procriar

o vaticano pensa admitir o uso do preservativo dentro da sagrada instituiçao do matrimónio

Extrapolar

Penso que todos temos a mania de extrapolar. Temos a fraqueza mental de a partir de uma característica fazermos o tipo. É desta forma que eu mostro a minha surpresa porque alguém vegan é também materialista e o meu interlocutor mostra estranheza que um gay seja de direita. Ele era um polaco ateu e eu sou uma portuguesa liberal. Nao há tipos.
Põe sempre os nomes aos bois

Nas histórias que contares.

Ou logo os burros depois

Se queixam de os retratares:

“Mas são as minhas orelhas!

Este azurrar é o meu!

Se estas são minhas guedelhas!

Ai este burro sou eu!

Não me nomeie ele embora,

Toda a Pátria vai agora

Saber-me por burro, hin-hã!

Ai que eu, hin-hã, hin-hã!”

- Quiseste a um burro poupar…

Logo doze hão-de zurrar.


Heine Heine (1797-1856) -> X

sábado

Violencia Doméstica - nao há que preocupar que estamos na frente da Palestina

O problema, argumenta Dulce Rocha, vice-presidente da Associação Portuguesa das Mulheres Juristas (APMJ) , é que "são raras as condenações", acrescentando: "Quer no crime de violência doméstica, quer no de maus-tratos a crianças, há uma impunidade manifesta deste tipo de comportamentos. É mais fácil uma pessoa ser presa devido a um crime de furto do que de maus-tratos. A prática judicial não tem acompanhado a evolução da situação em Portugal. Bater na mulher é um comportamento que é tolerado na sociedade e isso não favorece a defesa dos direitos humanos."

The chief of police told Human Rights Watch that “a woman in Hebron could get her eye gouged out but be too afraid of society to report the abuse.”

(...) discriminatory legislation in force in the West Bank and Gaza, described in the subsections below, does not act as a deterrent to violence, nor does it provide victims with adequate redress for the abuse they have suffered. In fact, the penal laws in particular and the way in which they have been interpreted and applied in practice have led to virtual impunity for perpetrators of violence against Palestinian women and girls.

A falta de provas é a principal justificação para que estes processos não cheguem à fase final de julgamento. E o novo Código Penal ainda vai tornar a prova mais difícil, segundo Dulce Rocha: "Com a redacção actual já é difícil ver o agressor no banco dos réus, mas no futuro será pior. A proposta de alteração refere que os maus tratos têm de ser reiterados e praticados de forma intensa", explica.

Palestinian women in violent or life-threatening marriages have two legal options available to them: pressing charges for spousal abuse or initiating a divorce on the basis of physical harm. Both require evidence of extreme violence and impose a high evidentiary burden on the victim.

Because there is no specific domestic violence legislation in the OPT [Occupied Palestinian Territories], adult victims of violence must rely on general penal provisions on assault when they seek to press charges. These laws provide little remedy to victims unless they have suffered the most extreme forms of injury. Article 33 of the Jordanian penal code (applied in the West Bank) outlines the penalties for violence based on the number of days the victim is hospitalized. As is the situation with all assault cases, if the victim requires less than 10 days of hospitalization, a judge has the authority to dismiss the case at his own discretion as a “minor offense.” In such cases, public prosecutors also try to reconcile the parties rather than pressing charges. The law permits a judge to impose a slightly higher sentence when the victim is hospitalized between 10 and 20 days. According to the law, mandatory prosecution is required only in cases where the victim is hospitalized for more than 20 days. Since victims of domestic violence may go to the hospital several times to treat their injuries with no intention of pressing formal charges, they may have no medical records to support claims of long-term abuse should they later decide to press charges or seek a divorce.

Como se abriu a caixa de Pandora

Iraq: The War of the Imagination
By Mark Danner
The New York Review of Books

microcosmos revolucionário



de Deligne

sexta-feira

Inútil

Ter coraçao
é ter um animal
preso no peito.

Faz-te mal
Faz-se mal
Onde o proveito?

quarta-feira

I'm Going To Stop Pretending That I Didn't Break Your Heart



EEls, do Album Blinking Lights and Other Revelations

terça-feira

Por razao nenhuma

Ela acordou e sentiu-se feliz. O alarme regurgitava música dos Coldplay e ela sorriu. Os olhos brincavam-lhe com os raios de sol que se surripiavam por entre as cortinas grossas. Ouviu os passos sobre si, de quem já andava a labutar os dias sempre iguais. Era mais um dia de uma série de dias, mas hoje ela sentiu-se feliz por razao nenhuma. Os olhos brincavam com o sol e ela sentia-se feliz. Por razao nenhuma. Por razao nenhuma, ela pensava, por razao nenhuma, o que significa algo, significa pela nossa razao, porque nao há razao nenhuma para nada.

P.S.: tenho a sensaçao que plagio o título do poste, mas nao sei de onde.

sexta-feira

It’s Not Just the War, Stupid

More fundamentally, the election appears to be a widespread rejection of the Republican Party’s performance in the past several years—in areas that include Katrina, Iraq, torture, corruption, scandals, the economy, energy, the environment and the federal budget. To bill the election as antiwar is to miss the significance of the electoral rout.

F***s, se nao se pode confiar nos media em quem e' que se pode confiar? <-- isto e' ironia, *st*p*d*.

olhos azul bebe

Consensus: science is friggin' hard

Oh random, para ti:

The National Science Foundation's annual symposium concluded Monday, with the 1,500 scientists in attendance reaching the consensus that science is hard.

"For centuries, we have embraced the pursuit of scientific knowledge as one of the noblest and worthiest of human endeavors, one leading to the enrichment of mankind both today and for future generations," said keynote speaker and NSF chairman Louis Farian. "However, a breakthrough discovery is challenging our long-held perceptions about our discipline—the discovery that science is really, really hard."

"My area of expertise is the totally impossible science of particle physics," Farian continued, "but, indeed, this newly discovered 'Law of Difficulty' holds true for all branches of science, from astronomy to molecular biology and everything in between."

The science-is-hard theorem, first posited by a team of MIT professors in 1990, was slow to gain acceptance within the science community. It gathered momentum following the 1997 publication of physicist Stephen Hawking's breakthrough paper, "Lorentz Variation And Gravitation Is Just About The Hardest Friggin' Thing In The Known Universe."

This weekend's conference, featuring symposia on how hard the Earth sciences are, how confusing medical science is, and how ridiculously un-gettable quantum physics is, represented a major step forward for the science-is-hard theorem.

"We now believe that the theorem is 99.999% likely to be true, after applying these incredibly complex statistical techniques that gave me a splitting headache," Farian said. "A theorem is like a theory, but, I don't know, it's different."

Members of the scientific establishment were quick to affirm the NSF discovery.

"To be a scientist, you have to learn all this weird stuff, like how many molecules are in a proton," University of Chicago physicist Dr. Erno Heidegger said. "While it is true that I have become an acclaimed physicist and reaped great rewards from my career, one must not lose sight of the fact that these blessings came only after studying all of this completely impossible, egghead stuff for years."

Dr. Ahmed Zewail, a Caltech chemist whose spectroscopic studies of the transition states of chemical reactions earned him the Nobel Prize in 1999, explained in layman's terms just how hard the discipline of chemistry is, using the periodic table of the elements as a model.

"Take the element of tungsten and work to memorize its place in the periodic table, its atomic symbol, its atomic number and weight, what it looks like, where it's found, and its uses to humanity, if any," Zewail said. "Now, imagine memorizing the other 100-plus elements making up the periodic table. You'd have to be, like, some kind of total brain to do that."

As hard as chemistry and other traditional sciences may be, scientists say such newer disciplines as quantum physics are even more difficult.

"Quantum physics has always been a particularly tough branch of science," UCLA physicist Dr. Hideki Watanabe said. "But in addition to being some of the smartest Einstein-y stuff around, it is undeniably a really stupid, pointless thing to study, something you could never actually use in the real world. This paradoxical dual state may one day lead to a new understanding of physics as a way to confuse and bore people."

"I guess there's cool stuff about science," Watanabe continued, "like space travel and bombs. But that stuff is so hard, it's honestly not even worth the effort."


P.S.: penso que desisti de assassinar este blogue. So' se eu simplesmente deixar de vir ver o que o resto da malta escreve. Uma despedida tao linda... {que vergonha... suspiro}

quarta-feira

Reabertura temporaria...

... para perguntar ao sr. Pitta qual e' o seu espanto?

O facto de em Portugal nao haver a carreira de cientista? O facto do trabalho cientifico em Portugal ser feito todo por bolseiros, sem direito a subsidio de ferias, decimo terceiro, baixa medica, subsidio de desemprego, de maternidade (para simplificar, recebe-se a seco o que se recebe e trabalha-se e mai nada) e ate' ha' poucos anos nem possibilidade de descontar para a seguranca social? Sabe quanto recebe um bolseiro? Sabe o que e' andar assim ate' se desistir de ciencia? Ou acha que oito mil pessoas a trabalhar em ciencia e' um desperdicio? E' o jogo seguinte na blogosfera? Nomear profissoes que porque nao percebemos achamos que nao prestam? E' democratico. Todos podemos entrar na ignorancia e jogar.

quinta-feira

Retrato da autora na partida

fonte.

Este blogue terminou.

I've seen what I was - I know what I'll be



"I've Seen It All", Bjork e Thom Yorke

I've seen it all, I have seen the trees,
I've seen the willow leaves dancing in the breeze
I've seen a man killed by his best friend,
And lives that were over before they were spent.
I've seen what I was - I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!

You haven't seen elephants, kings or Peru!
I'm happy to say I had better to do
What about China? Have you seen the Great Wall?
All walls are great, if the roof doesn't fall!

And the man you will marry?
The home you will share?
To be honest, I really don't care...

You've never been to Niagara Falls?
I have seen water, its water, that's all...
The Eiffel Tower, the Empire State?
My pulse was as high on my very first date!
Your grandson's hand as he plays with your hair?
To be honest, I really don't care...

I've seen it all, I've seen the dark
I've seen the brightness in one little spark.
I've seen what I chose and I've seen what I need,
And that is enough, to want more would be greed.
I've seen what I was and I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!

You've seen it all and all you have seen
You can always review on your own little screen
The light and the dark, the big and the small
Just keep in mind - you need no more at all
You've seen what you were and know what you'll be
You've seen it all - there is no more to see!

aaahhh, o outono...

Iraque: 655 000

Uma equipa de epidemiologistas americanos e iraquianos estimou que, desde que as forças de coalição invadiram o Iraque, morreram mais 655 mil pessoas do que se a invasão não tivesse ocorrido. Destas, 601 mil pessoas morreram de causas violentas.

Esta estimativa foi feita com base num inquérito feito por oito médicos iraquianos. Eles visitaram 1849 casas seleccionadas ao acaso, que tinham um agregado familiar de, em média, sete membros. Das 629 mortes reportadas durante o inquérito, 87% aconteceram depois da invasão. 56% das mortes violentas deveram-se a ferimentos provocados por tiros, 14% devido a bombas em carros e outras explosões. Das mortes violentas ocorridas depois da invasão, 31% foram causadas por forças de coalição ou ataques aéreos.

Fonte da informação neste poste: Study Claims Iraq's 'Excess' Death Toll Has Reached 655,000, Washington Post.

quarta-feira

Throwing oranges into the sea

In one of many reports and accounts of economic life in the Gaza Strip that I have recently read, I was struck by a description of an old man standing on the beach in Gaza throwing his oranges into the sea. The description leapt out at me because it was this very same scene I myself witnessed some 21 years ago during my very first visit to the territory. It was the summer of 1985 and I was taken on a tour of Gaza by a friend named Alya. As we drove along Gaza's coastal road I saw an elderly Palestinian man standing at the shoreline with some boxes of oranges next to him. I was puzzled by this and asked Alya to stop the car. One by one, the elderly Palestinian took an orange and threw it into the water. His was not an action of playfulness but of pain and regret. His movements were slow and labored as if the weight of each orange was more than he could bear. I asked my friend why he was doing this and she explained that he was prevented from exporting his oranges to Israel and rather than watch them rot in his orchards, the old man chose to cast them into the sea. I have never forgotten this scene and the impact it had on me.

Sara Roy

Discriminacao legislativa clara contra ateistas

Article 1, §4 of the Texas Constitution, which provides that no one can be excluded from holding office on account of his religious sentiments, provided that he or she acknowledges "the existence of a Supreme Being."

terça-feira

Pena de morte em Portugal

Portugal foi o país pioneiro na abolição da pena de morte. A última execução por crimes civis foi praticada em 1846 em Lagos.

Seis anos depois, durante o reinado de D.Maria II, a pena de morte foi abolida para os crimes políticos.

Em 1863 foi apresentada em debate parlamentar uma proposta que defendia a abolição da pena de morte, a extinção do ofício de carrasco, assim como a extinção da verba inscrita no Orçamento de Estado de 49,200 reis para o executor.

Quatro anos depois desta proposta ter sido apresentada, a pena de morte foi abolida para todos os tipos de crimes, com excepção dos militares, mas em 1 911 também estas ficam abrangidos pela abolição.

Contudo, em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, a pena de morte foi readmitida e só voltou a ser abolida definitivamente para todos crimes em 1976, há 30 anos.


Não sabia do último paragrafo. Estou um pouco combalida. Estão a imaginar os carrascos a fazer manifestacoes em 1863? Aniquilacao de toda uma classe profissional! Com tanto material para um filme...

ESTA É DA CENSURA QUE MATA

Politkovskaya, a 48-year-old mother of two, was murdered on Saturday, Mr Putin's 54th birthday. Perhaps the assassin had a grim sense of occasion. (...)

Politkovskaya's relationship with the government was never easy as she openly called for Mr Putin to be replaced and begged him to remove Ramzan Kadyrov, the Moscow-backed Chechen prime minister she accused of kidnapping, torturing, and murdering civilians. (...)

Her murder will reinforce fears about the dangers that Russian journalists face. It is the most high-profile killing of a journalist since the US-born editor of Forbes Russia, Paul Klebnikov, was gunned down in Moscow in 2004. That murder, like that of almost every journalist killed to order since 2000 when Mr Putin came to power, remains unsolved. (...)

Silenced opponents of the Kremlin

Dmitry Kholodov

Following an anonymous phone call to his office in October 1994, the journalist travelled to a Moscow train station to collect what he thought was a briefcase of documents that would help him in his exposés of corruption within Russia's military. The briefcase exploded, killing him and wounding a colleague. Six military officers were acquitted of his murder in 2004.

Larissa Yudina

Her battered body was found in June 1998, a day after she failed to return from a meeting with an anonymous caller. She had been stabbed and had a fractured skull. As editor of the only non-government newspaper in Russia's autonomous Kalmykia region, she had made powerful enemies. Members of the Kalmykia president's inner circle were later implicated in her death.

Galina Starovoitova

A human rights campaigner and leading liberal politician, she was gunned down by hired killers in November 1998 as she left her apartment in St Petersburg. Supporters claimed the killing could only have been political because she had few business interests. Although two hitmen were eventually jailed for her murder, no one has been prosecuted for ordering the killing.

Sergei Yushenkov

As co-chairman of Russia's leading opposition party, Liberal Russia, Yushenkov was a fierce critic of the Kremlin. He had lambasted what he saw as increasingly anti-democratic legislation and was extremely critical of the Russian government's wars in Chechnya. He was killed in April 2003 by a shot to the chest outside his Moscow apartment. Four men were convicted of his murder.

Paul Klebnikov

The US-born editor of Russia's Forbes magazine was shot outside his office in July 2004, just three months after taking up the position. No one has been convicted of his murder and, even as he lay dying, he was unable to think of anyone who might order such an attack. He had written extensively on crime and corruption following the collapse of the Soviet Union.

Andrei Kozlov

The deputy chairman of Russia's Central Bank had made it his mission to clear up the corrupt banking system and was murdered last month for doing so. Two gunmen opened fire on his car as he left a football stadium. One week earlier he had called for a lifetime ban on bankers found guilty of tax crimes and fraud. He had also taken away licences from Russian banks he thought to be corrupt.

Censura

The French Embassy on Monday canceled a New York party for a book about Vichy France's collaboration with Nazi Germany because of the author's postscript that says Israel has oppressed Palestinians. (...)

"The French Cultural Attache read it and he was incredibly complimentary," said Callil, who was born in Australia and moved to London where she founded feminist publisher Virago Press and ran publisher Chatto i Windus.

But Callil said Tuesday's party was canceled after "a series of letters from various Jewish fundamentalists complaining. They take a view that that no one can say anything about Jews that is not 100 percent complimentary." She did not identify the letter writers by name. (...)

Uma galeria de arte londrina decidiu retirar da sua exposição alguns quadros do pintor surrealista Hans Bellmer para não chocar a comunidade muçulmana, denunciou hoje uma das curadoras da exposição. (...)

“A razão da decisão foi, simplesmente, para não chocar a população do bairro de Whitechapel, a maioria muçulmana”, explicou.(...)

Entre as obras de Bellmer (1902-1975), figuram bonecas de jovens raparigas nuas, em poses degeneradas, em protesto contra os ideais da raça ariana promovidos pelos nazis. (...)

Votar no maior português de sempre

Para um programa na rtp...

Não se esqueçam: o voto é livre.

segunda-feira

domingo

Cadernos-estafeta

Cadernos a passar de mão-em-mão.
Cada um a adicionar
pensamentos
sentimentos
imagens
garatujens
depressões
ilusões
presunções
digitais impressões
esperanças
andanças
olhares ao longe.

A tristeza

Lembro-me daquela tarde encostada à janela da varanda a ver a chuva nas folhas e a ouvir dido. As poças de água acumulavam-se nos vasos gigantescos e eu enrolada em lençois caminhava pelos corredores sentindo-me sem essência. A tristeza ela própria parecia sem essência, como se estivesse entretecida em mim. Nada de desespero, só a tristeza e nem passado nem futuro, mas só a luz cinzenta de um dia de Outono em que eu não percebia como era possível sobreviver assim, sem qualquer vontade de viver. Contudo, o prosaico de eu ir mudando os CDs na aparelhagem, enchendo a casa de passos de música e silêncio, que eu executava sem sossego, demonstravam que eu não estava morta, eu era morta. A minha sobrevivência é a colecção da vida por entre a morte.

sábado

Oh, je sombre



Fleur de Saison de Emilie Simon

Album: Végétal


Dès les premières luers
Je sombre
Il me paraît bien loin l'été
Je ne l'ai pas oublié
Mais j'ai perdu la raison
Et le temps peut bien s'arrêter
Peut bien me confisquer
Toute notion des saisons
Dès les premières lueurs d'octobre
En tout bien tout honneur
Je sombre
Je sens comme un odeur de lys
Mes muscles se raidissent
Et j'attends la floraison
Mais qu'a-t-il pu bien arriver
Entre septembre et mai
j'en ai oublié mon nom

Dès les premières lueurs d'octobre
en tout bien tout honneur
Je sombre

Oh le temps a tourné je compte les pousses
des autres fleurs de saison
Je ne sortirai pas encore de la mousse,
pas plus qu'une autre fleur de saison

Il me paraît bien loin l'été
Mes feuilles desséchées
Ne font plus la connexion
Mais qu'a-t-il pu bien arriver
Entre septembre et mai
Je ne fais plus la distinction

Dès les premières lueurs d'octobre
En tout bien tout honneur
Je sombre

Oh le temps a tourné je compte les pousses
des autres fleurs de saison
Je ne sortirai pas encore de la mousse,
pas plus qu'une autre fleur de saison.

sexta-feira

Continuidade

Não peçam a um assistente social que defina dignidade.
Não peçam a uma psicóloga que defina sanidade.
Não peçam a um construtor civil que defina verticalidade.

quinta-feira

O ferreiro sabe que sabe que o espeto é pra espetar

Não peçam a um advogado que defina justiça.
Não peçam a uma pintora que defina arte.
Não peçam a um padre que defina santidade.
Não peçam a uma modelo que defina beleza.
Não peçam a um coveiro que defina morte.
Não peçam a um cientista que defina ciência.

terça-feira

Pois

Em defesa da família, Portugal resiste

Em Espanha, foi dada a guarda da primeira criança a um casal gay que se candidatou para adoptar. Felizmente, por cá ainda há valores. Nenhum miúdo é entregue a casais transviados. Ficam na Casa Pia e nas Oficinas de São José.


Daniel Oliveira

aLembra Portugal

As pessoas acham piada quando digo isto, mas e' verdade. Vinda de Hamburgo para esta terrinha dos EUA, ha' coisas que alembram-me Portugal. Em que?

A extrema dependencia do carro, uma literal extensao das pessoas, nem que se viva a 10 minutos a pe' do trabalho, numa cidade plana e com um sol radioso la' fora. Um desperdicio.

No supermercado, pela variedade estonteante de artigos e a quantidade absurda de sacos de plastico que nos dao no fim, com o pormenor hilariante da recusa de colocar um sabonete no mesmo saco da manteiga, ou o pao com os pensos higienicos. E' a contaminacao funcional!

O "How're you!" sem significado, atirado em corrida ao qual e' suposto re-atirar "Fine" e vem-me a acotovelar-se 'a presenca da consciencia os inumeros "Tudo bem?" que tive de engolir irritada em Portugal. "Bom dia", digam simplesmente "Bom dia".

Indulgenciar

Informacoes aleatorias sobre mim:

1. Custa-me a apaixonar e a desapaixonar
2. Custa-me a adormecer e a acordar
3. Geralmente gosto de pessoas
4. Sou temperalmente como a lua
5. Detesto o uso desnecessario de estrangeirismos
6. O meu vicio e' procrastinar

ProntoS.

Custou, mas consegui. Indulgenciei-te, Joao.

Eu nao vou etiquetar ninguem, porque me aborrece que os outros me contem coisas sobre eles. Gosto de ser eu a descobrir.

segunda-feira

Sonhei que estava em Portugal



Cristina Branco, do álbum Ulisses

Mathematical Surfaces

Clicar para aumentar.

To most of us, a surface is something we can touch and attribute a shape to--the spherical surface of a ball or the toroidal surface of a doughnut. But there are innumerable surfaces that we cannot touch, or see, or even know of, because they are representations of mathematical functions. Mathematicians have long relied on their own powers of imagination to picture these abstract surfaces. Now, mathematicians such as Richard Palais of the University of California, Irvine, and graphic artists such as Luc Benard are exploiting the magic of computer graphics to recreate these abstract mathematical surfaces in familiar yet intriguing settings.

This illustration presents five well-known mathematical surfaces, rendered as glass objects in a highly realistic "Still Life." To create their chosen surfaces, Benard relied on the computer program 3D-XplorMath, developed by Palais for visualizing many of the most famous mathematical surfaces. He then exported these surfaces into a 3D-rendering program, using it to give the objects a glassy texture and place them on a virtual glass-covered wooden tabletop.

ILLUSTRATION: FIRST PLACE
Still Life: Five Glass Surfaces on a Tabletop
Richard Palais* and Luc Benard
*University of California, Irvine, USA

Muito mais, varios instrumentos e formas de visualizacao que permitem compreender melhor o que se aprendeu: a pintura da Mona Lisa, o uso do Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci para o estudo da anatomia humana, visualizacao das maiores montanhas do mundo no Hawaii, etc. aqui-> 2006 Visualization Challenge Winners

sexta-feira

10-12 anos

Ontem discutia-se a guerra no Iraque e um tipo disse que os EUA teriam, provavelmente, de ficar mais 10-12 anos. Que no', em que no' esta gente se meteu. E' o que da' nao me pedirem conselho.

Porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show?

Por aqui so' se fala do paquistanes. Agora parece que anda 'as cabecadas com o Karzai.

Esteve com o Bush (tambem conhecido por Shrub); provocou convulsao quando afirmou que os EUA tinham ameacado o Paquistao, apos o 11 de Setembro: "Ou cooperam na luta contra a Al'Quaeda ou nos bombardeamos o Paquistao de tal maneira que vos recambiamos para a idade da pedra." O tipo responsavel acusado retrucou que o que se disse foi o usual: "Ou estas connosco ou estas contra nos". Quando os jornalistas pediram mais pormenores, Musharaf disse: "Esta' no meu novo livro. Comprem-no."

A ultima e' que Musharaf foi ao Daily Show! Um presidente de nacao foi ao Daily Show! Aqueles pontos de exclamacao nao sao despropositados. Aparecem na cara dos tipos e tipas com aspecto de yuppies e gel ou laca no cabelo que pronunciam palavras associadas a pontos de exclamacao. "A filha do Tom Cruise de certeza usou capachinho!!!!"; "Exclusivo com o homem que se diz pai do ultimo rebento da Nicole Smith!!!!!!"; "Rosie O'Donnell comparou extremistas cristaos a extremistas muculmanos!!!!!"

Os media perguntam-se: porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show? Nota-se a inveja, o veneno, o desprezo, principalmente quando repetem vezes sem conta: "quando o Bush se for embora ele [o Jon Stewart] ja' nao tem piadinhas para fazer o programa." Eu pergunto-me: se eles conseguem escandalos pirotecnicos todos os dias com uma mao cheia de celebridades, porque e' que o Jon Stewart nao ha-de encontrar politicos a cometer gaffes e a serem imbecis num pais deste tamanho? 49 estados?

Agora a resposta 'a pergunta deixou-me confundidinha das ideias. Um tipo respondeu que o Musharaf tinha ido ao Daily Show para promover o livro dele. Vender mais, ganhar dinheiro. Que era muito bom, fantastico que alguem se tornasse um capitalista e nao andassse a oprimir o povo.

Eu nao percebi porque e' que ser capitalista exclui ser-se opressor. Alem disso, o Musharaf nao e' na verdade um opressor? Houve eleicoes livres e eu nao dei conta? Nao percebi...

quinta-feira

Afeganistao: o feminino

The woman who defied the Taliban, and paid with her life, Kim Segupta, The Independent

'The small advances women have made are now being wiped out', Leonard Doyle, The Independent

Afeganistao: em perdimento

The Taliban have regained control over the southern half of Afghanistan and their front line is advancing daily, a group closely monitoring the Afghan situation said in a report this week. [...]

"We are seeing a humanitarian disaster," said Emmanuel Reinert, executive director of the Senlis Council [an international policy think-tank with offices in Kabul, London, Paris and Brussels.]. "There are around Kandahar now camps with people starving, kids dying almost every day, and this is obviously used by the Taliban to regain the confidence of the people, and to regain control of the country."

The poppy-eradication program has been a disaster, he said. "It is a direct attack on the livelihood of the farmers, so there is a clear connection between the eradication and this humanitarian crisis. All this is being used by the Taliban to say ... 'When we were there we were maybe hard and cruel, but you could feed the family; now look what's going on.' They are more and more providing support [and] social services to the local population." [...]

Hunger is leading to anger, the report says, adding that lack of funding from the international community means the Afghan government and the United Nations World Food Program are unable to address Afghanistan's hunger crisis. "Despite appeals for aid funds, the US-led international community has continued to direct the majority of aid funds towards military and security operations." [...]

The rise of the Taliban is rapid, he said. "You cannot make peace with the real command of the Taliban. We have to attack the root cause of the growing power of the Taliban, which is poverty [and] the counter-narcotics policy. We have to cut the Taliban from their base so that they will become what they were five years ago, a very small group of isolated terrorists. That's not the case anymore. Now they are a large part of the population because of the failure of the development policy."

Reinert said: "In a year we will have a situation where the legitimacy of the Kabul government will be weakened to a point where [it] will not be able to [keep] the country together."


Sanjay Suri, Asia Times Online, 8 de Setembro

Afeganistao: o feminino infantil


A Ghulam Haider, de 11 anos, vai casar com Faiz Mohammed, de 40. Ela queria ser professora, mas quando ficou noiva foi forcada a desistir da escola.


A Majabin Mohammed, de 13 anos, senta-se 'a esquerda do seu marido, Mohammed Fazal, 45, juntamente com a sua primeira mulher e filho. A Majabin foi dada em casamento em pagamento de uma divida de jogo.

As raparigas sao trabalhadoras valiosas numa terra em que a sobrevivencia e' arrepanhada de meio acre de solo [1 acre = 0.4 ha]. Em casa do marido o seu valor e' ainda maior. Podem ter sexo e filhos.

Fotografias e texto obtidas em pop-up no sitio do "The New York Times". Traducao minha.

Nota: ha' umas duas semanas escrevi um texto sobre a minha posicao sobre a poligamia. Este e' um exemplo a corroborar o meu negativismo.

terça-feira

Não quero ter sempre sentido
o desleixo da razão
de não
saber
o cheiro da borboleta

que esvoaça

mas se me deixo ir
sei que é pra morrer

perfeito é latim para terminado

p.s.: .

Entre o arrepio e o riso

O arrojo no Gloria Facil.

segunda-feira

O estado da nacao

3. Parece que um quarto dos portugueses não se importavam que Portugal fosse parte do Estado Espanhol. A mim não me choca nada, desde um ponto de vista nacionalista - um ponto que não tenho. O que me choca é que haja tanta gente que pensa que para ter uma sociedade (mais) decente é preciso imaginar a pertença a outro estado, em vez de mudar o estado das coisas no sítio onde acontece viver-se. Link
Exacto. A minha grande pena e' que este pessoal nao emigre. Queixam-se, queixam-se, mas nao emigram. E e' que Espanha e' ja' ali ao lado. E' um pulinho. Com a UE nem e' preciso visto. Se compartilha da opiniao do quarto e me esta' a ler, faca um favor ao resto de nos: de o pulo e seja feliz.

Darfur:

Era para informar o leitor de que apos uma reuniao de africanagem os soldados da Uniao Africana continuarao em Darfur mais 3 meses. E' melhor que nada, e' verdade, mas os pobres continuarao descamisados, a ver o mundo a passar-lhes 'a frente do nariz. O mundo humano desumano.

Nisto tudo, os chineses continuam muito pouco budistas. Os outros tambem tem culpas, mas como o mundo humano desumano e' tao generalizado, nao se cometem grandes erros se formos distribuindo as culpas. Provavelmente na ONU os diplomatas oferecem-se maldades: eu lixo agora e depois lixas tu, ok? Cada um com a sua causa desumana.

Eu soube isto no The Independent, que parece ser o unico que ainda vai dando noticias de Darfur. Nao faco ligacoes, porque, sinceramente, nao estou com espirito para nada.

sexta-feira

Libia: 5 enfermeiras bulgaras e um medico palestiniano em risco de irem desta pra melhor

Lawyers defending six medical workers who risk execution by firing squad in Libya have called for the international scientific community to support a bid to prove the medics' innocence. The six are charged with deliberately infecting more than 400 children with HIV at the al-Fateh Hospital in Benghazi in 1998, so far causing the deaths of at least 40 of them. (...)

During the first trial, the Libyan government did ask Luc Montagnier, whose group at the Pasteur Institute in Paris discovered HIV, and Vittorio Colizzi, an AIDS researcher at Rome's Tor Vergata University, to examine the scientific evidence. The researchers carried out a genetic analysis of viruses from the infected children, and concluded that many of them were infected long before the medics set foot in Libya in March 1998. Many of the children were also infected with hepatitis B and C, suggesting that the infections were spread by poor hospital hygiene. The infections were caused by subtypes of A/G HIV-1 — a recombinant strain common in central and west Africa, known to be highly infectious.

But the court threw out the report, arguing that an investigation by Libyan doctors had reached the opposite conclusion.(...)

According to Alexiev [defence lawyer on the case], the decision to throw out the report removed all scientific content from the case, leaving a series of prejudgements, and confessions extracted under torture. "It's scandalous," he says. "This is a complex scientific affair, and it is impossible to judge it without a scientific basis."


Montagnier, whose efforts helped secure a retrial in the first place, says he too is upset by how events in Tripoli are progressing. "It's a rerun of the first trial," he says. "It's embarassing politically for Gaddafi, but there is the pressure of the parents, who absolutely need to find a scapegoat. Of course this can't be the Libyans, so it falls on the medics."(...)

"If international pressure isn't stronger before the appeal, the risk is large that they will be condemned to death," predicts Michel Taube, co-founder of Together Against the Death Penalty, a French non-governmental organization. "To avoid that outcome, diplomacy is not enough. We need international mobilization."

Only a combined pressure from lawyers and scientists as well as politicians will make a difference, agrees Altit [defence lawyer Emmanuel Altit, a member of the Paris bar and a volunteer with Lawyers Without Borders, who has in the past defended inmates at Guantanamo Bay]. If the Supreme Court refuses a scientific assessment, then the international community will be able to ask: "What has it got to hide?" he says. "And if it agrees to a scientific investigation, then we will win."

quinta-feira

Com triste coração cantar alegrememente

e rir ’stando de luto, é coisa bem difícil;

o contrário mostrar de quanto nos aflige

é pior que trair um coração dolente.


Assim o tenho feito; e bem continuamente.

Embora sem o querer, tem-me sido preciso

com triste coração cantar alegremente.


Se no meu coração trago constantemente

o luto que afinal é o que mais me aflige,

pra outros divertir tem-me sido preciso

rir em vez de chorar, e muito amargamente

com triste coração cantar alegremente.

Christine de Pisan (1364-1431) -> X

quarta-feira

Darfur: assim a olho, 50 000 mortos e a contar

[...] The U.N. generates humanitarian profiles of people counted in the camps and people surrounding the camps who together constitute conflict-affected people who are also in need of assistance. These counts are important to the United Nations as the basis of planning and support. The United Nations does not ask specific questions about violence, but the numbers generated are essential in calculating the population at risk, which we used to estimate the actual numbers of deaths in West Darfur. West Darfur refugees in Chad are not included in these profiles. We used a State Department survey and U.N. refugee camp counts to complete the estimate of the West Darfur population at risk. [...]


[...] We conservatively estimate 19 months of mortality in West Darfur as 49,288 (with a range from 40,850 to 67,598) by summing the means for estimated deaths between the high and low monthly figures in the right side of the figure. When the right tail of this distribution is extended to May 2006
, the total number of deaths is 65,296 in West Darfur alone, with a range from 57,506 to 85,346. This estimate covers 31 months of conflict that, as of August 2006, has been under way for 43 months. If the further 12 months of conflict were well estimated, and/or if all or most missing or disappeared persons were presumed dead, the death estimate would be much higher. [...]

Hagan & Palloni, Death in Darfur. Science 313, n.5793, 1578-1579, 15 September 2006.

segunda-feira

O discurso do Papa

Nao estava para escrever sobre este assunto, mas como eu fui uma bloguista que se revirou por aqui a defender a liberdade de expressao na altura dos cartunes dinamarqueses, achei por bem defender que nao e' por ser o Papa que nao ache que ele pode escrever o que lhe da' na veneta. E arcar com as consequencias. Os muculmanos tem todo o direito de lhe pedirem explicacoes e dizerem-lhe que estao ofendidos. O problema e' que nao param ai'. Ameacam com violencia e usam a violencia. Nao ha' pachorra para esta gente.

O mais interessante do discurso nao tem nada a ver com a citacao do Papa. E', na verdade, completamente acessoria. Uma entrada, que o Papa podia ter dispensado sem beliscar o amago. Ele podia ter citado so' a parte que realmente importava que era "nao agir com a razao e' contrario 'a natureza de Deus", sem salientar dicotomia nas religioes. E' este o ponto de partida para um texto em que ele expoe a sua tentativa de demonstracao de que a religiao Crista tem, desde os seus primordios, um nucleo de razao. Ate' chegar a outros pontos: de que a ciencia como mera busca tecnica e' uma reducao do ser humano e como disciplinas como a teologia, tal como a filosofia, tem um lugar importante nas universidades, para uma melhor exploracao do espectro do conhecimento. Isto muito por alto.

Os muculmanos podem-se chatear, porque nesse excerto acessorio e noutras duas tangentes no texto, os seus seguidores sao sempre os nao razoaveis. Para dar exemplos de irrazoabilidade o Papa nao precisava de ir buscar os muculmanos e para usar o livro que ele anda a ler, ele nao precisava de frisar que o Manuel II achava que o Mohammed so trouxe coisas mas. Meteu-se no fogo para nada, a nao ser que ele ache piada em andar a aquecer os dedos.

Eu gostei do discurso. Principalmente porque andava a tentar perceber o que o Joao Miranda andava a tentar dizer sobre o evolucionismo e foi um eureca. Nao estava era 'a espera que fosse o Papa a iluminar-me.

Darfur 'a espera da chacina


Fonte da img.


Artigo no Independent: Darfur: waiting for the slaughter.

A bussula da Sabine.

sábado

Darfur : 30 de SETEMBRO

Ligacao para ligacoes.

Excerto (traducao minha):

A 30 de Setembro, a Forca da Uniao Africana, deficiente em homens e fundos, abandonara' Darfur. Estes 7000 soldados sao a unica coisa a moderar a violencia genocidica em Darfur, em que civis sao usualmente mortos, feridos, violados, raptados ou expulsos 'a forca.

Nas passadas duas semanas, o governo sudanes intensificou dramaticamente os ataques aereos e trabalhou no sentido de esvaziar a regiao de testemunhas, incluindo trabalhadores humanitarios e jornalistas estrangeiros. Se a Forca da Uniao Africana partir a 30 de Setembro, como previsto, Darfur sera' uma caixa negra de genocidio.

Tambem faz ligacao a uma gravacao de George Clooney suplicando 'as Nacoes Unidas que algo seja feito.

Excerto (traducao minha): Crescemos a acreditar que as Nacoes Unidas foram criadas para assegurar que o Holocausto nunca poderia acontecer outra vez. Nos acreditamos em vos tao fortemente. Nos precisamos de vos tao drramaticamente. Nos conseguimos tanto. Estamos 'a distancia de um "sim" de acabar com isto. E se nao as Nacoes Unidas, entao quem? E tempo e' fundamental.

We were brought up to believe that the UN was formed to ensure that the Holocaust could never happen again. We believe in you so strongly. We need you so badly. We have come so far. We are one “yes” away from ending this. And if not the U.N., then who? And time is of the essence.

quinta-feira

Quando eu estive em Cuba

Estive lá 2 semanas de férias há 4 anos. Em apanhado: chegamos a Havana, alugamos um carro e conduzimos até Santiago de Cuba, Havana, casa. Havana era uma cidade belíssima, muito poluída e a cair aos pedaços. Algumas áreas do centro estavam a ser restauradas. A música saltava de cada canto, inadvertida, movida, alegre. O que mais me ficou de agradável de Cuba foram as crianças de uniformes escolares a brincar. Havana, um largo restaurado e limpo, diferente do sujo, do barulho e da poluição do restante, dum lado descansamos enquanto bebemos um café (sempre) intragável relativamente caro, em café para turista, enquanto do outro lado, da escola saíam as crianças com o professor de educação-física e ficamo-nos a ver a aula. Conseguirei explicar o doce desta memória? Durante a viagem houveram outros largos e outras crianças, a brincar pela noite e pelo dia, esquecidas dos turistas, na sua alegria privada e eu ia-me lembrando das crianças em Portugal, sempre fechadas em algum lado, na escola, em casa, no ATL, detrás de cercas e paredes. Disse à minha amiga que se tivesse filhos queria que fossem assim livres.

Mas as crianças crescem. Os cubanos tornam-se adultos. Aqueles que conseguem fazer negócio com os turistas são relativamente ricos. Tinham enormes televisões e aparelhagens, que os outros só em sonhos. Os adolescentes que podiam esmeravam-se por vestir como os rappers americanos. Tentavam-nos vender café, charutos, cigarros. Era ilegal, sentimo-nos como a comprar droga. Levaram-nos por umas portas reversas, os olhares cruzaram-se, eu pensei que eramos doidas. Eles disseram-nos que não nos preocupassemos. As penas de prisão são muito duras para quem faz mal a turistas. Eles são amáveis, tentam seduzir, dizem-nos que têm muitas namoradas no estrangeiro, que se escrevem. Falavam como se nos mostrassem um trunfo, esta ligação com o exterior. Fidel passava-lhes pelos lábios como um escarro. O que nós eramos, o que nos sentiamos a cada esquina, a nossa essencia era dinheiro. As crianças eram um descanso.

As estradas de Cuba eram pouco movimentadas e os carros detectavam-se à distância da nuvem de poluição que levavam na peugada. Quando nos chegavamos a algum camião fechavamos as janelas senão sufocavamos, até o ultrapassarmos. Nas bermas da estrada regularmente apareciam pessoas a pedir boleia. Discutimos se haviamos de levar alguém. Ao segundo dia tentamos. A partir daí até ao final da viagem fomos como um autocarro. Chegava ao ponto de estarem a sair por uma porta e a entrar pela outra. Conversamos muito, sem os jogos de obter dinheiro, aqui longe de Havana, as pessoas sentiam-se satisfeitas pela banalidade de uma boleia e por uma amigável conversa. Inopinadamente, pensamos que tinhamos a oportunidade única de falar com os cubanos sem se sentirem restritos. Depois de muitas boleias, não ficamos esclarecidas sobre o povo cubano. Nunca consegui perceber quando parava a representação, tanto a dos lamurientos como a dos louvadores. Tivemos as jovens revolucionárias que falavam com devoção do comandante e nos contaram como os americanos raptaram uns valorosos lutadores socialistas, acusaram-nos de espionagem e ainda os tinham presos. Havia cartazes ao pé da estrada a cantar estes valorosos heróis. Estes e Fidel e outos gritos pela revolução. Bastas vezes paramos para tirar fotografias a tiradas surrealistas. Pelo carro passaram muitos passivos que não falavam de política, encolhendo os ombros. Nós é que lhes contavamos o que tinhamos visto, o que tinhamos gostado, onde viviamos, o que faziamos. Passou o senhor que se lamuriava de não poder ir para onde queria, que tudo era controlado, que tudo tinha de ser requerido, que só poderia sair de Cuba se alguém de fora o convidasse e olhava pedinte para nós. Trocamos moradas. Contaram-nos o que se tinha que esperar por um simples tubo de pasta para os dentes, um simples qualquer coisa. Os que deitavam pelos olhos o sonho de serem como nós, terem as máquinas fotográficas que nós tinhamos, poderem viajar a um país distante como nós. Contaram-nos que a saúde e a educação eram completamente de graça. Que o comandante providenciava. Uma estudante de enfermagem gabou que em Cuba todos eram iguais, o branco, o preto, o mulato e mirou-nos talvez na expectativa que nós talvez ficássemos extasiadas e nós trocamos olhares e não soubemos que retrucar. Ensinaram-nos como saber pelas matrículas quem era funcionário graúdo do governo, peixe-miúdo, quem era diplomata, quem era o sortudo que ainda tinha o carro do avô. Eu dizia-lhes que a terra que eles invejavam também tinha os seus podres, que era preciso eles guardarem o bom quando a liberdade chegasse. Senti-me e fui paternalista. Eu queria falar-lhes da Europa, mas eles não se interessaram. Eles já sabiam, ou que Cuba era melhor, ou que lá fora era melhor. Tudo nos passou por aquele pequeno carro feito em autocarro. A minha amiga presenteou t-shirts e mais não sei o quê. Eu, como em tudo na vida, não fui preparada.

Inúmeras vezes nos tentaram enganar, amigáveis falcatrueiros. Inúmeras vezes nos mentiram. A desconfiança tornou-se uma segunda pele, com a excepção dos novos e dos velhos. Numa praia à sombra de hóteis para turistas, naquela altura do ano praticamente vazios, um senhor, que apanhava pedaços de folhas pela praia, olhou para nós admirado quando nadamos no mar, mas como, era Inverno, meninas! Que não, a água era melhor que em Portugal. Ah, sim, Figo. Até em Cuba. Inopinadamente numa cidadezinha pequena uma espécie de cowboy pagou-nos as bebidas e nós ficamos boquiabertas, habituadas que estavamos a pagar as bebidas de todos os impostos mancebos que se sentavam à nossa mesa.

Fora de Havana e Santiago, a maioria dos poucos turistas eram americanos com os seus sotaques detestáveis. Lembro-me de falar com um num bar, todos molhados com os melhores mojitos e cocktails que algumas vez bebi, onde ele cantou Cuba e denegriu os EUA. Dançava rumba divinamente.

Fomos a um museu botânico, eramos só nós e a guia. Obra de um ricaço de origem francesa muito antes da revolução. Passeamos por um jardim amado e selvagem, por entre árvores enormes, belas, exóticas. A guia tinha a macieza da calma. O dinheiro de entrada era baixo, mas ela não quis mais. Cavalgamos por serranias que nos lembraram as novelas brasileiras. O espanhol eram cascatas.

Nas duas grandes cidades a prostituição esgueirava-se. Em Santiago era frontal. Cigarros? Não. Café? Não. Charuto? Não. Chico? Gracias, não cabes na mala. Eles sorriem, encolhem os ombros, afastam-se.

Em Santiago, talvez porque não chega tanto turista, a gula assaltava. Em Santiago, os mulatos são belíssimos, de olhos claros. Em Santiago farta de ser assediada, tento vestir-me como uma cubana, maneio as ancas, digo à minha amiga que se afaste de mim com a sua câmara a tiracolo. Descubro que é escusado. Os piropos são descarregados em catadupa. O machismo é espesso. A invisibilidade é impossível. Por agora eu sentia-me cansada, irritada, queria voltar a casa, caminhar na rua e não ser olhada, não ser falada, não ser ludibriada.

No táxi para o aeroporto, o taxista pergunta-nos se achamos Havana bonita. Cuba bonita? Estava exausta. Respondi com a beleza e o resto. Ele sermoneou-me até ao aeroporto. Não percebo, diz, eu não percebo. Havia desespero e angústia na voz. Ele não regateia. Ele estava zangado. Eu sentia-me demasiadamente europeia. Eu e Cuba despedimo-nos assim, zangadas uma com a outra. Impacientes.

sexta-feira

Amor

Outros amores



First of all must go
Your scent upon my pillow
And then i'll say goodbye
To your whispers in my dreams
And then our lips will part
In my mind and in my heart
Cos your kiss
Went deeper than my skin

Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time

First of all must fly
My dreams of you and i
There's no point in holding on to those
And then our ties will break
For your and my own sake
Just remember
This is what you chose

Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time

I'll shed like skin
Our memories of lazy days
And fade away the shadow of your face

Piece by piece
Is how i'll let go of you
Kiss by kiss
Will leave my mind one at a time
One at a time
One at a time

Piece by Piece de Katie Melua

quinta-feira

O verdadeiro amor. É normal,

é sério, é prático?

O que é que o mundo ganha com duas pessoas

que vivem num mundo delas próprias?



Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum,

extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas

que era assim que tinha que ser - em prémio de quê?

[ De nada.

A luz desce de qualquer lado.

Porquê nestas duas e não noutras?

Não é isto uma injustiça? É sim.

Não é contra os princípios estabelecidos com diligência,

e derruba a moral do seu cume? Sim, as duas coisas.



Olha para este casal feliz.

Não podiam ao menos tentar esconder-se,

fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com

[ os seus amigos.

Ouçam como riem - é um insulto

a linguagem que usam - ilusoriamente clara.

E aquelas pequenas celebrações, rituais,

as mútuas rotinas elaboradas -

parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.



É difícil prever a que ponto as coisas chegariam,

se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.

O que é que aconteceria à religião e à poesia?



O que é que seria recordado? Ou renunciado?

Quem quereria ficar dentro dos limites?



O verdadeiro amor. É mesmo necessário?

O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele

[ em silêncio,

como sobre um escândalo na alta roda da vida.

Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua

[ ajuda.

Nem um milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.

Ele chega tão raramente.



Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro

[ amor,

continuem a dizer que tal coisa não existe.


Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.



DE Wislawa Szymborska (1923) -> X